"A Roménia está refém de um Governo, que nem se deu ao trabalho de cá estar hoje, que é comandando pelo presidente do PSD, Liviu Dragnea, que criou uma organização criminosa para roubar fundos europeus", criticou hoje a eurodeputada do PS.
Falando num debate sobre o Estado de direito na Roménia, na sessão plenária do Parlamento Europeu que decorre em Estrasburgo, França, Ana Gomes sublinhou que, "enquanto socialista", tem "esperança" na sua família política, o PSE, razão pela qual não se tem "abstido de criticar o que se está a passar na Roménia".
"Fico aliviada pela intenção do meu grupo de suspender o partido romeno PSD do nosso grupo enquanto este processo criminal decorre", adiantou a responsável.
Segundo Ana Gomes, em causa está o "respeito pelo Estado de direito não só na Roménia, mas também na União Europeia [UE]".
"Temos de apoiar todos os romenos corajosos que no inverno mais rigoroso vieram para a rua lutar contra a corrupção", adiantou, recordando as manifestações no país no final do ano passado.
Ana Gomes reagia à decisão do PSE, divulgada na semana passada, de "congelar" relações com o PSD até que este partido clarifique o seu compromisso com o Estado de Direito
"Até que o Governo da Roménia clarifique o seu compromisso com o Estado de Direito e siga as recomendações da Comissão Europeia, a liderança do PSE considera congeladas as relações com o PSD", referia um comunicado divulgado na página oficial da família política após a reunião de chefes de governo, comissários e dirigentes.
O texto indicava que "a permanência do PSD romeno como membro" da formação vai ser objeto de uma "discussão formal na próxima reunião da presidência do PSE, em junho".
O congelamento de relações anunciado implica que "nenhum evento do PSE será organizado com o PSD romeno até lá", segundo o presidente do PSE, Serguei Stanishev, citado no comunicado.
A UE tem manifestado nos últimos dois anos preocupação com a reforma do sistema judicial na Roménia, que pode pôr em causa a independência da justiça e a luta contra a corrupção.
No início deste mês, o candidato dos socialistas europeus à presidência da Comissão Europeia, Frans Timmermans, advertiu os sociais-democratas romenos para o risco de serem excluídos da família política, que não está disposta a tolerar uma "impunidade sistémica de altos responsáveis políticos que foram condenados por corrupção".
O líder do PSD romeno, Liviu Dragnea, foi condenado por fraude eleitoral e está a ser investigado em dois processos por corrupção.
O PSE anunciou a decisão semanas depois de a outra grande família europeia, o Partido Popular Europeu (PPE, centro-direita) ter suspendido o Fidesz do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, por violação dos valores europeus.