Passadeiras arco-íris em Arroios, afinal, não saem do papel

A ideia, que afinal não será concretizada na prática, foi do CDS Arroios e recebeu muitas críticas dentro do próprio partido. "Este é um CDS populista, irresponsável e patético", diz Abel Matos Santos. Recomendação "foi mal compreendida", defende CDS Arroios, lamentando o "aproveitamento" que foi feito.

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Melissa Lopes
02/05/2019 13:01 ‧ 02/05/2019 por Melissa Lopes

Política

Lisboa

A ideia de a Avenida Almirante Reis, em Lisboa,  ter duas passadeiras coloridas, no próximo dia 17, por forma a assinalar o Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifopia, não vai avançar na prática por não ser possível fazê-lo, confirmou ao Notícias ao Minuto fonte do CDS Arroios. 

"Segundo informação da Junta de Freguesia, a medida não será possível sendo desconhecida essa impossibilidade aquando da discussão da recomendação", refere o CDS Arroios, dando conta que, não sendo o documento vinculativo, "a Junta encontrará outra forma de assinalar a data e a luta contra a discriminação". 

A proposta, recorde-se, havia sido aprovada na Assembleia de Freguesias por unanimidade e gerado muitas críticas dentro do partido.

“Peço desculpa, mas não concordo”, posicionou-se o presidente da distrital do CDS, João Gonçalves Pereira.

Abel Matos Santos, da Tendência Esperança em Movimento, vai mais longe e diz mesmo que este “é um CDS populista, irresponsável e patético”, no qual não se revê.

“A inclusão não se faz gastando dinheiro e recursos escassos a pintar passadeiras com cores LGBT, o que é ilegal e perigoso. A inclusão faz-se rebaixando passeios para as pessoas com mobilidade reduzida, instalando dispositivos sonoros para cegos e tapando buracos na via pública”, sugere.

“Desta forma é que todos, independentemente da sua orientação sexual (algo que pertence à dimensão íntima e pessoal de cada um), se podem sentir mais incluídos”, completa, por fim.

Pedro Pestana Bastos também manifestou desagrado. “Bem sei que para alguns por vezes é cool aparecer com uma imagem moderninha mas isto é um completo disparate”, comenta o ex-deputado no Facebook.

Na opinião do antigo membro da comissão política do CDS, “o dinheiro dos contribuintes (mesmo se a despesa não for grande) não é para gastar em fantochadas”. E, à semelhança do que dissera Abel Matos Santos, Pedro Pestana Bastos frisa que “as passadeiras por razões de segurança nos termos do regulamento de sinalização são obrigatoriamente brancas”. “Não há passadeiras Arco Íris. Não brinquem com coisas sérias”, remata.

José Ribeiro e Castro também criticou a medida que, na sua opinião, acaba por ser "discriminatória".

"Uma passadeira de peões a preto-e-branco é uma passadeira inclusiva: serve a toda a gente e não discrimina ninguém em função da orientação sexual. Foi sempre assim: passadeiras para todos. Uma passadeira arco-íris de afirmação LGBTQQICAPF2K+ é uma passadeira exclusiva e discriminatória: discrimina os passantes em função da orientação sexual. Será uma passadeira apenas para exaltação de alguns", defende o centrista, considerando "natural" que, sendo uma proposta do CDS, esta gerasse "muita perturbação e fortes discordâncias". 

Ribeiro e Castro acrescenta que o facto de ser uma medida para 17 maio, a poucos dias das eleições europeias, e o facto de vários dirigentes nacionais do CDS manifestarem "simpatia pela proposta" (...) "aumenta a p a perplexidade e a curiosidade, elevando uma parvoíce a linha política".

"A cereja no topo do bolo seria que os dirigentes simpatizantes e os cabeças-de-lista às europeias participassem na inauguração na Avenida Almirante Reis das nóvi-passadeiras e dessem mesmo umas pinceladas no pavimento", conclui. 

Ideia foi "mal compreendida", lamenta CDS Arroios

As críticas levaram o CDS Arroios a emitir uma nota ao final da noite da passada, quarta-feira, explicando que a ideia de colorir as passadeiras foi "exclusivamente" do CDS Arroios, não podendo a mesma ser "colada" ao CDS Lisboa ou Nacional, "o qual não teve conhecimento prévio mediante os procedimentos em vigor". 

Frederico Sapage e Vítor Teles entendem que "a recomendação sobre as passadeiras, enquanto mero ato simbólico e de combate à discriminação foi mal compreendida, já que foi alvo de uma colagem à ideologia de género, matéria e ideologia que no nosso entendimento já nada tem que ver, porque vai muito além do respeito e da tolerância e da não discriminação, é uma ideologia que não partilhamos"

"Enquanto eleitos" - defendem - "temos apresentado, à semelhança do que o CDS tem feito por toda a cidade de Lisboa, políticas de inclusão social características de um partido humanista". 

Por isso, lamentam o que dizem ser o "aproveitamento" e "desvirtuamento" que foi feito  da iniciativa. "Como lamentamos profundamente que a mesma tenha servido para, de alguma forma, envolver as estruturas dirigentes do partido e efeitos de qualquer polémica", acrescentam, reiterando o que para o CDS Arroios é "essencial": "somos a favor do princípio da não discriminação, o que em nada se confunde com as políticas de ideologia de género que muita esquerda pretende impor e a que claramente nos opomos". 

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