Na sua primeira intervenção durante o tempo dedicado ao debate sobre o Programa de Governo, apresentado esta manhã na Assembleia da República, em Lisboa, pelo primeiro-ministro, António Costa, o parlamentar do Chega usou por diversas vezes a palavra "vergonha", incluindo para classificar o XXII Governo Constitucional.
"Sei uma coisa, sei que este Governo é uma das maiores vergonhas da nossa história democrática", afirmou André Ventura, que criticou vários pontos do programa hoje apresentado.
Ventura sustentou que, "com tudo o que se passa na saúde com urgências fechadas, com hospitais em nada de funcionamento, com esquadras de polícia fechadas", este Governo "diz no seu programa que quer alargar a habitação pública, imagine-se, aqueles de sempre, aqueles que já conhecemos e que o Governo chama minorias de vário tipo, minorias de vário género".
Na ótica do deputado do Chega, o executivo liderado pelo socialista António Costa esqueceu "a ampla maioria de portugueses que trabalham, que pagam impostos, e que se esforçam por ter uma vida digna" bem como aqueles que são "sufocados pelo IMI, sufocados em taxas e burocracias", e apresentou um programa de Governo que não refere, igualmente, "os agentes e as forças de segurança" e que inclui "um elemento mais perturbador" - o estudo de "modelos alternativos à prisão".
"É uma vergonha, sobretudo quanto tivemos em plena campanha eleitoral mais uma mulher que foi morta por alguém que devia estar na cadeia e não estava", atirou o eleito pelo círculo de Lisboa, que se manifestou também contra a lei da nacionalidade, que considera ser "o maior ataque à nacionalidade de que há memória".
André Ventura referiu ainda que, apesar de ter sido anunciada "uma grande reforma eleitoral", esta foi esquecida por "o Bloco de Esquerda dizer que não podia ser".
Ventura considerou que "chega a ser emocionante, comovedor, ver a esquerda agora muito chateada com o Partido Socialista", e criticou que PCP e BE, "que deram a mão ao pior que o Partido Socialista fez", estejam "hoje perante os portugueses a dizer que não se lembram de nada", que há que ter cuidado com o dinheiro que se dá aos bancos, e com "os portugueses que perderam o emprego".
"Vergonha era o que deveriam ter hoje, quando estão aqui a apoiar um Governo a quem deram a mão durante quatro anos", defendeu, instando estas forças políticas a assumirem que "que vão sustentá-los durante quatro anos, em vez de andarem aqui aos ziguezagues, a enganar os portugueses".
Notando que "a direita disse que o diabo ia chegar", o deputado declarou que "chegou mesmo".
"E o diabo hoje é esta grande maioria de esquerda que quer tornar Portugal numa espécie de Venezuela. Não contem connosco, nem contem com o Chega, nem contem com a direita portuguesa", frisou.
O deputado único defendeu ainda um maior respeito pelos antigos combatentes, tendo sublinhado que "este Governo cometeu aqui, mais uma vez, uma das maiores vergonhas" da história.