"É sempre de liberdade que falamos quando falamos de Estado Social", vincou Pedro Nuno Santos, que falava em Coimbra, durante uma sessão de apresentação do programa do Governo aos militantes do PS, fechada à comunicação social, com exceção da intervenção inicial do próprio e do presidente da distrital do PS de Coimbra, Pedro Coimbra.
Nessa mesma intervenção, o ministro considerou que a direita portuguesa ganhou "a ideia de liberdade", de que é necessário diminuir o Estado Social e "reduzir impostos para libertar o indivíduo" e que uma forte presença do Estado apenas "asfixia as liberdades" dos cidadãos.
"Esta é precisamente a ideia que mais temos de disputar. Numa sociedade que não se organiza de forma comunitária, numa sociedade que se entrega a si própria, há uma esmagadora maioria da população que não é verdadeiramente livre", realçou.
Para o ministro, quando se fala do Serviço Nacional de Saúde ou de um sistema público de ensino é "de liberdade que se trata".
"Os portugueses organizaram-se para ter um serviço de saúde capaz de dar resposta a cada um, sem perguntar se tem capacidade para o pagar. Esta é uma das maiores vitórias que os portugueses conseguiram construir em conjunto e que está sistematicamente a ser posta em causa", referiu.
Na ótica de Pedro Nuno Santos, quando se olha para os programas do PSD e CDS-PP aquilo que é o seu foco "é a redução de impostos", salientando que "o que a direita quer quando propõe a redução de impostos tem consequências a seguir".
"Acreditando que a direita em Portugal queira garantir o equilíbrio de contas públicas, não há passos de mágica que põem a economia a crescer 10% com redução de impostos", disse, afirmando que o que está subjacente a essa baixa de impostos é uma redução dos serviços públicos.
Segundo Pedro Nuno Santos, essa estratégia da direita "tem conseguido passar, em nome do benefício coletivo, mas que terá como conclusão a necessidade de cortar nos serviços públicos, que tornam a nossa vida mais decente e mais digna".
"É preciso coragem - na forma como hoje se faz o debate político - de dizer que está longe de [a redução de impostos] ser a nossa preocupação primeira", frisou.