Nova era no CDS? Chicão quer mostrar vitalidade de um partido "sexy"

Francisco Rodrigues dos Santos é o novo líder do CDS e diz que chegou para mostrar que o CDS não vive um "período de definhamento".

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Filipa Matias Pereira com Lusa
27/01/2020 08:50 ‧ 27/01/2020 por Filipa Matias Pereira com Lusa

Política

CDS

Aos 31 anos, Francisco Rodrigues dos Santos foi eleito, este fim de semana, o 10.º presidente do CDS. No discurso de vitória, o jovem líder partidário reclamou a herança de todos os seus antecessores, desde o fundador, Freitas do Amaral, a Assunção Cristas.

Na sua intervenção, que marcou o encerramento do 28º Congresso, o centrista vincou o tom de grande unidade interna, pese embora não tenha deixado de assinalar que "este CDS", que veio para "combater as esquerdas e o socialismo vigente em Portugal", será também uma "nova direita" e "uma síntese de Manuel Monteiro, Paulo Portas e Lucas Pires". Estes três líderes representam as diversas "alas" do partido, isto é, democratas-cristãos, conservadores e liberais.

E a quem olhava para o CDS como um partido enfraquecido, Francisco Rodrigues dos Santos deixou uma mensagem: "Este congresso foi uma prova de vida do CDS. Para aqueles que achavam que o CDS podia estar a viver um período de definhamento, enganaram-se. O CDS renasce sempre mais forte, com mais confiança, com mais determinação. Daqui não arredamos pé". 

Francisco Rodrigues dos Santos aproveitou ainda a oportunidade para fixar o objetivo de tornar o CDS-PP um partido "sexy" e próximo dos cidadãos. Num discurso ambicioso, o novo líder do CDS mostrou que quer, nas próximas autárquicas, contar presidentes de câmara e não vereadores, elevando a fasquia para as eleições de 2021.

Mas o que trará, o advogado, de novo ao CDSA reforma do sistema eleitoral, a melhoria da prestação de cuidados de saúde, a coesão territorial ou a segurança são algumas das prioridades elencadas pelo novo presidente do partido. 

No congresso que teve lugar em Aveiro, o centrista deixou a promessa de se bater "pela reforma do sistema eleitoral, de modo a devolver a última palavra aos eleitores na escolha dos seus representantes e não aos diretórios partidários".

Outra das propostas do centrista passa por apresentar um "novo contrato de confiança entre gerações, para que o sistema de Segurança Social garanta uma resposta aos desafios demográficos que se colocam em Portugal". Mas há mais. O político falou também num "verdadeiro choque fiscal, amigo da poupança das famílias e do investimento" e num "Estado antissocial que não ampara" os portugueses nas situações de vulnerabilidade.

Quem é, afinal, o novo líder do CDS?

Foi notícia em 2018, quando a revista 'Forbes' o considerou um dos "30 jovens mais brilhantes, inovadores e influentes da Europa" na categoria Direito e Política e entrou na lista '30 under 30', dos trinta com menos 30 anos, pelo trabalho desenvolvido enquanto líder da JP, ultrapassando os 20.000 filiados.

Filiou-se na JP em 2007 e no partido em 2011, era Paulo Portas presidente dos centristas. E é no partido e na "jota" que começa a ser conhecido por "Chicão" e pelas suas posições conservadoras, contra a designação de casamento às uniões de pessoas do mesmo sexo, e contra a despenalização do aborto, um "dossier" que não quis "desenterrar" na campanha interna para a liderança.

Com o PSD e CDS no Governo, em coligação, trabalhou no gabinete de Mota Soares, ministro da Solidariedade e Emprego, e fez um percurso como autarca, primeiro na junta de freguesia de Carnide, em Lisboa, e depois como deputado municipal pelo CDS, para que foi eleito em 2017.

Contas feitas, quem entra e quem ficou pelo caminho 

A moção 'Voltar a Acreditar', apresentada ao Congresso pelo já ex-líder da Juventude Popular (JP), obteve nas urnas 671 votos (46,4%), ao passo que a sua Comissão política nacional teve a aprovação de 65,7% dos delegados ao Congresso (865 votos), com um registo de 451 votos em branco.

A lista ao conselho nacional, órgão mais importante entre congressos, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, obteve 51,9% (678 votos) e a de João Almeida, o candidato derrotado, obteve 581 (44,5%) e 45 brancos.

Isto significa que a lista da direção elegeu 38 conselheiros e a do seu adversário 32, uma diferença de apenas seis elementos, num congresso que representou um corte com o "portismo" [de Paulo Portas]. O facto de João Almeida ter conseguido eleger quase metade dos conselheiros revela que as duas fações continuarão a enfrentar-se.

O futuro líder do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos vai ter como vice-presidente Filipe Lobo d'Ávila, que foi um dos seus adversários na corrida à liderança do partido. Além de Lobo d'Ávila também serão vice-presidentes os ex-deputados Sílvio Cervan e António Carlos Monteiro, Francisco Laplaine de Guimarães, dirigente da Juventude Popular (JP), Miguel Barbosa, antigo presidente da concelhia do Porto, e Artur Lima, líder do CDS dos Açores.

Consulte, ainda, aqui, a lista completa dos órgãos nacionais eleitos no 28.º Congresso do CDS

A atualidade política nacional ficou também marcada, este domingo, pelo facto de Francisco Rodrigues dos Santos ter escolhido poucas mulheres para as listas que apresentou para órgãos do partido, não havendo nenhuma entre os sete vice-presidentes e apenas seis entre os 59 membros da Comissão Política Nacional. 

Neste último órgão, a primeira mulher surge, aliás, em 12.º lugar. No Conselho Nacional, é, todavia, uma mulher que encabeça a lista, embora no total dos 70 membros, haja apenas 18 elementos do sexo feminino (25%), longe da paridade.

O Conselho Nacional de Fiscalização (sete membros) integra apenas uma mulher (em 4.º lugar), o mesmo acontecendo com a Comissão Nacional de Jurisdição (sete membros, uma mulher em 3.º lugar). Dos oito integrantes da Mesa do Congresso, três são mulheres e dos sete da Mesa do Conselho Nacional, há duas, a primeira das quais em 5.º lugar.

Nas redes sociais, houve quem reagisse, como foi o caso de Isabel Moreira. "Não pensei que fosse possível. Quase ninguém pensou, acho. Que horror", escreveu a socialista. 

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