"Perdemos tempo, na nossa opinião, senhora ministra, e obviamente não lhe vou falar também na comunicação que foi sendo feita que, em muitos casos, foi absolutamente errática", afirmou Telmo Correia.
Apesar de saudar o pacote de medidas anunciado na madrugada de sexta-feira pelo Governo - no qual se inclui a declaração do estado de alerta em todo o país, a suspensão de todas as atividades letivas presenciais nas escolas ou a restrição de funcionamento de estabelecimentos -, o deputado centrista salientou que "o CDS tinha proposto no início da semana o fecho das escolas", pelo que "já devia ter sido antes".
"Ontem, madrugada dentro inclusivamente e depois da declaração do senhor primeiro-ministro, nós percebemos que houve uma mudança de atitude e um subir do grau de responsabilidade para enfrentarmos esta situação", referiu Telmo Correia, adiantando que "o CDS não foge" ao "apelo à união do primeiro-ministro", mas exige "determinação".
"Nós esperamos determinação, nós aderimos à união nacional necessária para combater esta gravíssima pandemia", vincou.
Na ótica do CDS, "é importante" existir "a noção de que foram cometidos erros no passado e no passado recente", identificando como o principal a desvalorização da "gravidade desta mesma situação" durante "algum tempo".
Neste ponto, o líder parlamentar criticou que não tenham sido controlados ou limitados os voos, que não tenham sido "imediatamente reforçados nem os meios humanos nem os profissionais de saúde", que o plano de contingência tenha sido implementado "dois meses e meio depois do início da epidemia", ou que a Linha SNS24 tenha entrado "em colapso".
O líder parlamentar do CDS-PP falava na Assembleia da República, em Lisboa, na abertura de um debate de atualidade requerido pelo partido "sobre a resposta do país ao coronavírus", num debate que começou com as galerias vazias e alguns minutos depois do previsto porque o Governo não se encontrava ainda no hemiciclo às 9:30.
Concentrando-se depois no futuro próximo, Telmo Correia lançou uma série de questões à ministra da Saúde, incluindo se serão realizados mais testes a pessoas que suspeitem estar contagiadas, quantos profissionais serão contratados para reforçar o Serviço Nacional de Saúde(SNS) e se terão o apoio necessário, nomeadamente quanto à disposição de equipamentos de proteção, ou quantas camas estarão disponíveis nos hospitais para acolher doentes infetados.
"Vamos ou não livrar-nos das cativações do ministro das Finanças e garantir que não haverá entraves a um reforço sério deste combate?", questionou igualmente, querendo saber ainda se "não fará sentido criar hospitais próprios" para tratar a doença Covid-19, qual a disponibilidade do país em termos de aparelhos de ventilação, e se está previsto recorrer ao "setor social e privado se for essa a necessidade", ou até "como resistirá" e sairá o SNS desta questão.
A nível das fronteiras, líder parlamentar do CDS defendeu medidas "mais sérias", e perguntou ao Governo qual a expectativa de mobilização de fundos europeus, bem como "que garantias" poderão ser dadas em termos da Linha SNS 24.
Em resposta, a ministra da Saúde, Marta Temido, observou que "a situação de pandemia foi decretada no dia 11 de março", quarta-feira, e salientou que "avizinham-se dias de enorme esforço para todos os profissionais de saúde, para todos os portugueses e para todos os que assumem cargos de responsabilidade".
"Tenho a certeza de que podemos contar com todos. Neste momento a nossa disponibilidade aqui é para prestar os esclarecimentos devidos", assinalou, remetendo para o final do debate as respostas a questões concretas.
Apontando que na quinta-feira o primeiro-ministro, António Costa, se reuniu com os partidos com assento parlamentar, Marta Temido agradeceu "a todos a colaboração, o diálogo franco, a disponibilidade para o trabalho".