Juventude Popular critica "falta de transparência" em dados da DGS

O presidente interino da Juventude Popular (JP) considerou hoje que existe "falta de transparência" nos dados apresentados pela Direção-Geral da Saúde relativamente ao contágio por covid-19, apontando que os números não são os mesmos que os autarcas relatam.

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Lusa
26/03/2020 21:14 ‧ 26/03/2020 por Lusa

Política

Covid-19

 

Em comunicado enviado às redações, Francisco Mota, questiona como é que "autarcas anunciam em alguns territórios mais 70% de casos do que aqueles que são anunciados pela Direção-Geral da Saúde (DGS)", e "como é que é possível, para as autarquias e para as autoridades, atuar com uma desorganização desta natureza".

"Existem dois caminhos possíveis, incompetência ou camuflagem de números de uma forma deliberada", aponta o líder da estrutura que representa os jovens do CDS-PP, considerando que esta situação constitui "um problema gravíssimo de confiança dos portugueses nas instituições públicas e no Governo".

Na quarta-feira, a diretora-geral da Saúde garantiu que os números de mortos e infetados por covid-19 que constam do boletim da Direção-Geral da Saúde são "absolutamente certos", mas ressalvou que "há dados mais finos, nomeadamente por concelho, que podem não chegar preenchidos no formulário".

"E só conseguimos colher informação dos que estão preenchidos, mas quero dizer que estamos a trabalhar a nível local para obter essa informação à medida que o tempo passa vamos chegar à totalidade", frisou Graça Freitas.

No mesmo dia, o primeiro-ministro salientou que a DGS agrega a informação inscrita no sistema pelos profissionais do setor relativa à doença covid-19 e "não produz números".

Na ótica do líder da JP, "já não se trata da necessidade de um esclarecimento cabal, porque esse o Governo não o consegue fazer consequentemente", e "a confirmar-se esta falta de transparência nos dados" é "muito complicado perceber qual a percentagem de pessoas hospitalizadas, de que faixa etária são e quais os sintomas reais".

"O governo desvaloriza, mas temos que testar, testar e testar, pois só assim poderemos ter uma noção real do número de pessoas infetadas e só assim poderemos desenhar um plano de ação que esteja em linha com a realidade e que não seja apenas baseado em projeções", defende Francisco Mota.

Considerando que "Portugal parece falhar de forma gritante nesta abordagem", o presidente da JP denuncia que "existem pessoas que ficam à espera 72 horas para realizar o teste de despiste, simplesmente porque o sistema não tem capacidade de resposta".

"No entanto, sabemos que existe capacidade de resposta em laboratórios privados, em projetos como o 'drive in' em várias cidades do país, que muito poderão contribuir para uma melhoria deste índice. Esta não é a hora para embirrações ideológicas e de debate pueril de público contra privado, ou vice-versa", salienta.

Francisco Mota aproveita ainda para criticar o primeiro-ministro quando recusa falta de material no Serviço Nacional de Saúde para fazer face a esta pandemia.

"Desafio o senhor primeiro-ministro a ter contacto com a realidade e com o desespero vivido dentro das unidades de saúde. Dizer que tudo vai bem e que nada faltará não corresponde aos relatos feitos por aqueles que estão na linha da frente desta guerra biológica", assinala.

Portugal registou os primeiros casos confirmados de covid-19 no dia 02 de março, encontrando-se em estado de emergência desde as 00:00 de 19 de março e até às 23:59 de 02 de abril.

Hoje, subiu para 60 o número de mortes associadas ao novo coronavírus, mais 17 do que na quarta-feira, segundo o boletim epidemiológico da DGS, registando 3.544 casos de infeção.

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