"Teria sido bom que não tivesse havido este combate" sobre as comemorações da revolução, disse o antigo chefe de Estado, considerando que os intervenientes estiveram "mal".
Em declarações à SIC e à TVI, no final da sessão solene no parlamento, o antigo Presidente disse que "concordava com a comemoração e concordava com a comemoração feita na Assembleia, na medida em que é ela que é a expressão política da vontade da sociedade portuguesa, da vontade popular".
"Não concordava com o modelo, modelo que foi naturalmente modificado, eu diria mitigado, e portanto é um modelo que se tornou aceitável", justificou.
"Abril é todos os portugueses, e é de todos os portugueses porque ele permitiu que tivéssemos uma democracia constitucional pluralista e o pluralismo não só admite todas as opiniões, como naturalmente se enriquece com essas opiniões e se enriquece tanto mais quantos maiores forem as opiniões representadas", salientou.
Ramalho Eanes foi o único antigo Presidente da República a estar presente na sessão solene, tendo justificado na semana passada a sua presença com "responsabilidade institucional", mas fez saber que discordava do modelo escolhido para a celebração.
Questionado sobre o discurso do atual Presidente da República, que defendeu hoje que "o 25 de abril é essencial e tinha de ser evocado", Ramalho Eanes escusou-se a comentar, salientando que adotou a postura de não falar sobre palavras ou atitudes dos chefes de Estado que lhe sucederam, e que também não iria abrir uma exceção hoje sobre Marcelo Rebelo de Sousa.
Nas últimas semanas, cresceu a polémica à volta do modelo de comemorações do 25 de Abril, quer dentro do parlamento - CDS e Chega foram contra, PAN e Iniciativa Liberal defenderam outros formatos - e fora dele, com duas petições 'online', uma pelo cancelamento e outra a favor da sessão solene, a juntarem centenas de milhares de assinaturas.
Devido à pandemia de covid-19, a sessão solene no parlamento contou com a presença quatro membros do Governo, cerca de duas dezenas de convidados, e de 46 deputados, e não um terço como estava previamente acordado.