Em declarações aos jornalistas no final da sessão solene evocativa do 46.º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, Telmo Correia apontou que, na sua intervenção, o "CDS disse em três minutos o que muitos portugueses pensam, o senhor Presidente da República procurou explicar, em muitos mais minutos, o que muitos portugueses não compreendem".
Apesar de considerar que Marcelo Rebelo de Sousa "gastou bastante tempo a tentar justificar aquilo que muitos portugueses não compreendem" e que "o CDS não concorda", o líder parlamentar rejeitou que exista "uma divergência" entre o partido e o chefe de Estado.
Telmo Correia lembrou que o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, rejeitou estar presente na sessão solene e que o partido apenas se fez representar por um dos cinco deputados eleitos.
Por discordar do modelo escolhido para assinala o 46.º aniversário da Revolução dos Cravos, o CDS utilizou a sua intervenção para fazer um protesto em relação à cerimónia.
O CDS observou também que a solução, face à pandemia de covid-19, foi sendo alterada, dado que o número de pessoas presentes no parlamento foi diminuindo face ao que estabeleceu primeiramente a conferência de líderes, um terço dos deputados.
Hoje, acabaram por estar presentes no hemiciclo 46 deputados, quatro membros do Governo e cerca de duas dezenas de convidados.
"Curiosamente, o que aconteceu hoje aproximou-se muito mais do que nós defendemos, e ninguém nos quis ouvir, do que aquilo que defenderam e foi aprovado pela conferência de líderes", apontou o deputado, assinalando que "era um terço [dos deputados] e não estava sequer em possível discussão".
Defendendo que "não tinha razão quem quis logo apontar o dedo" ao CDS, o deputado salientou que "quem disse que isto era uma questão ideológica, foi quem depois andou" a "descafeinar a cerimónia".
Sobre o CDS ficar apenas acompanhado pelo Chega na defesa desta questão, Telmo Correia disse estar "convencido" de que o partido está acompanhado "por muitos e muitos portugueses" que pensam como os centristas nesta matéria.
"Esta matéria na classe política gerou uma quase unanimidade, de facto CDS e pouco mais se manteve como crítico, na sociedade não foi assim, e não foi assim pela forma como este processo foi conduzido", assinalou, advogando que, "se este processo tivesse sido conduzido com diálogo, com tolerância, com aproximação, se calhar teríamos todos chegado a uma conclusão comum".
Na ótica do centrista, foi o facto de o processo ter sido "conduzido com muito sectarismo" que provocou "a polémica que gerou na sociedade, e que não era desejável, porque o momento, e é isso que diz o CDS, é um momento de união, e esta cerimonia não devia ter dividido os portugueses como objetivamente dividiu".
"Evocar o 25 de Abril nuca esteve em causa, como nunca esteve nem nunca estará em causa o parlamento trabalhar para aprovar legislação para fazer aquilo que é mais importante que, neste contexto, é combater a pandemia e dar soluções aos portugueses", salientou Telmo Correia, considerando que era uma questão de "bom senso".
Do discurso do Presidente da República, o líder parlamentar democrata-cristão destacou também as referências ao "conjunto de valores que sustentam a democracia" e à "importância do papel de fiscalização do parlamento".