CDS diz que Marcelo "gastou muito tempo" a justificar cerimónia

O líder parlamentar do CDS-PP defendeu hoje que o Presidente da República "gastou muito tempo" a tentar justificar a celebração do 25 de Abril no parlamento, rejeitando contudo que exista "uma divergência" com o chefe de Estado.

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Lusa
25/04/2020 14:21 ‧ 25/04/2020 por Lusa

Política

25 de Abril

 

Em declarações aos jornalistas no final da sessão solene evocativa do 46.º aniversário da Revolução de 25 de Abril de 1974, Telmo Correia apontou que, na sua intervenção, o "CDS disse em três minutos o que muitos portugueses pensam, o senhor Presidente da República procurou explicar, em muitos mais minutos, o que muitos portugueses não compreendem".

Apesar de considerar que Marcelo Rebelo de Sousa "gastou bastante tempo a tentar justificar aquilo que muitos portugueses não compreendem" e que "o CDS não concorda", o líder parlamentar rejeitou que exista "uma divergência" entre o partido e o chefe de Estado.

Telmo Correia lembrou que o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, rejeitou estar presente na sessão solene e que o partido apenas se fez representar por um dos cinco deputados eleitos.

Por discordar do modelo escolhido para assinala o 46.º aniversário da Revolução dos Cravos, o CDS utilizou a sua intervenção para fazer um protesto em relação à cerimónia.

O CDS observou também que a solução, face à pandemia de covid-19, foi sendo alterada, dado que o número de pessoas presentes no parlamento foi diminuindo face ao que estabeleceu primeiramente a conferência de líderes, um terço dos deputados.

Hoje, acabaram por estar presentes no hemiciclo 46 deputados, quatro membros do Governo e cerca de duas dezenas de convidados.

"Curiosamente, o que aconteceu hoje aproximou-se muito mais do que nós defendemos, e ninguém nos quis ouvir, do que aquilo que defenderam e foi aprovado pela conferência de líderes", apontou o deputado, assinalando que "era um terço [dos deputados] e não estava sequer em possível discussão".

Defendendo que "não tinha razão quem quis logo apontar o dedo" ao CDS, o deputado salientou que "quem disse que isto era uma questão ideológica, foi quem depois andou" a "descafeinar a cerimónia".

Sobre o CDS ficar apenas acompanhado pelo Chega na defesa desta questão, Telmo Correia disse estar "convencido" de que o partido está acompanhado "por muitos e muitos portugueses" que pensam como os centristas nesta matéria.

"Esta matéria na classe política gerou uma quase unanimidade, de facto CDS e pouco mais se manteve como crítico, na sociedade não foi assim, e não foi assim pela forma como este processo foi conduzido", assinalou, advogando que, "se este processo tivesse sido conduzido com diálogo, com tolerância, com aproximação, se calhar teríamos todos chegado a uma conclusão comum".

Na ótica do centrista, foi o facto de o processo ter sido "conduzido com muito sectarismo" que provocou "a polémica que gerou na sociedade, e que não era desejável, porque o momento, e é isso que diz o CDS, é um momento de união, e esta cerimonia não devia ter dividido os portugueses como objetivamente dividiu".

"Evocar o 25 de Abril nuca esteve em causa, como nunca esteve nem nunca estará em causa o parlamento trabalhar para aprovar legislação para fazer aquilo que é mais importante que, neste contexto, é combater a pandemia e dar soluções aos portugueses", salientou Telmo Correia, considerando que era uma questão de "bom senso".

Do discurso do Presidente da República, o líder parlamentar democrata-cristão destacou também as referências ao "conjunto de valores que sustentam a democracia" e à "importância do papel de fiscalização do parlamento".

 

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