Como não podia deixar de ser, visto que, foi um dos assuntos que marcou a atualidade política esta semana, Francisco Louçã comentou, esta sexta-feira, no seu espaço semanal na SIC Notícias, a polémica que envolveu Mário Centeno, a injeção de 850 milhões euros ao Novo Banco, a troca de palavras entre o ministro das Finanças, o primeiro-ministro e o Presidente da República.
Apesar de o programa se chamar 'Tabu', o Conselheiro de Estado não teve nenhum problema em criticar a "desautorização" de Centeno a Costa e de dizer mesmo que, numa situação normal, ou seja, sem pandemia e sem uma crise económica a espreitar, o ministro das Finanças teria sido demitido.
"Há aqui um conflito político. António Costa comprometeu-se com a necessidade de uma audição, Mário Centeno afirma que tem de se pagar a conta, pagou a conta sem os resultados da audição. Normalmente, deveria ter sido demitido do Governo. O primeiro-ministro percebeu, no entanto, que era uma situação muito difícil neste contexto e que criar uma crise neste momento era problemático", garantiu Louçã.
De acordo com o fundador do Bloco de Esquerda (BE), ao injetar no Novo Banco 850 milhões de euros, depois do compromisso público do primeiro-ministro", feito desde o dia 22 de abril, Centeno "está a dizer que o primeiro-ministro fez um compromisso 'irrazoável' ao país e, por isso, está a montar um ataque ao primeiro-ministro".
E mais, sublinha Louçã, mesmo depois da "habilidade manhosa" do comunicado lançado depois da reunião na quarta-feira, entre os dois ministros, originada pelas palavras de apoio a António Costa por parte de Marcelo Rebelo de Sousa, Mário Centeno voltou ao 'ataque', mas desta vez ao Presidente da República.
"O ministro da Finanças levou esta afirmação da sua posição ainda mais longe porque, no dia seguinte, tornou público que o Presidente da República lhe teria pedido desculpas, o que Marcelo desmentiu. O Presidente da República deve ter ficado furioso, e com razão. Isto é de uma deselegância institucional, é uma pura vingança pessoal", frisou o antigo líder do BE.
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