No arranque da sua intervenção de fundo, Rio defendeu que o debate do Orçamento Suplementar "fica marcado pela ausência do membro do Governo que conduziu técnica e politicamente a sua elaboração".
"Não faz sentido e é caso único na democracia portuguesa que um ministro das Finanças, depois de elaborar e fazer aprovar em Conselho de Ministros uma proposta de alteração profunda ao Orçamento do Estado, abandone o executivo no dia anterior a ter de o começar a defender no parlamento", afirmou, referindo-se à exoneração de Mário Centeno na segunda-feira.
Para o presidente do PSD, "falaram mais alto as clivagens e os desentendimentos internos no Governo do que o respeito institucional e político por esta Assembleia da República; que é o mesmo que dizer, pelo povo português".
"Apesar de eu próprio, há uns escassos oito meses atrás, já ter aqui previsto que Mário Centeno estava a prazo neste Governo, o que nunca me passou pela cabeça foi que, no quadro de uma pandemia e de uma crise económica grave, o ministro das Finanças saísse no dia anterior à defesa do documento que visa municiar o país com as dotações orçamentais necessárias ao combate a essa mesma crise", criticou.
Ainda assim, e "apesar de condenar claramente esta grave falha do Governo", Rio transmitiu em nome do PSD os desejos de "maiores felicidades" ao novo ministro das Finança, João Leão.
"O professor João Leão tem a importante tarefa de travar os ímpetos gastadores que não raras vezes assaltam as governações socialistas", afirmou, considerando essa tarefa "particularmente relevante" quando o país poderá vir a receber "avultadas verbas da União Europeia".