Catarina Martins, que se reuniu esta quinta-feira com trabalhadores da TAP e da Groundforce, sublinhou que "há quem diga que a TAP não deve ser um problema do país", mas o Bloco de Esquerda "não está de acordo". "Toda a gente que vive em Portugal sabe como a TAP é essencial para a coesão territorial, desde logo para a ligação às Regiões Autónomas", destacou, em declarações à RTP.
"Todos nós", continuou, "temos alguém na família, no nosso círculo mais próximo que vive noutro país, Portugal é um país de emigrantes, e, portanto, sabemos como as ligações aéreas são determinantes à nossa economia, mas também à nossa vida afectiva e não podemos viver sem uma companhia de bandeira".
No entender da coordenadora do Bloco de Esquerda, Portugal "não pode ficar dependente de existir ou não outro país que queira fazer as ligações que são essenciais à população e à sua economia".
Catarina Martins observa que o que existe neste momento é "um braço de ferro entre o Governo e os acionistas privados da TAP que impede que se atue".
"E enquanto não há actuação do Governo sobre a TAP, a TAP já está a ser reestruturada da pior forma, está a ser encolhida sem nenhum critério e pondo em causa o seu trabalho e função no país para o futuro", criticou, lamentando que largas centenas de trabalhadores já tenham sido despedidos entre as duas empresas. "Trabalhadores precários" dos quais a "empresa precisa deles todos os dias" e que "já não estão a trabalhar", sublinhou.
Se não for feito nada nos próximos meses, disse, "chegaremos aos milhares de trabalhadores despedidos", o que significa que "todos os dias se está a perder capacidade da empresa" e a perder "rotas para a concorrência". "Enquanto o Governo diz que está à espera a negociar a ver o que é que se passa, já está a acontecer muita coisa. Está a ser liquidada a TAP e esse processo tem que parar", defendeu.
"O Governo não pode continuar a esconder-se atrás de um acionista privado que é, de facto lesivo para a TAP, tem é de afastar esse acionista privado, tem de utilizar a capacidade que tem e, nomeadamente, os meios que já foram decididos do ponto de vista europeu, que estão disponíveis para os estados atuarem", posicionou-se Catarina Martins.
A bloquista sublinhou que a União Europeia já "alterou as suas regras, para permitir, face à crise de Covid-19, que os vários estados possam intervir nas companhias aéreas de bandeira, injetando o capital necessário e nacionalizando essas empresas".
"Portugal deve fazer o mesmo. Se não o fizer, quando o fizer pode bem ser tarde demais, pode a TAP já ter perdido todo o interesse estratégico para o país, o que terá um custo económico e de coesão avassalador para o nosso país e será o desbaratar do investimento público que ao longo de tanto tempo todo o país fez na TAP, a companhia de bandeira e uma companhia que sempre orgulhou o nosso país", avisou.