"O Governo não teve competência suficiente para agir dentro do tempo"
Marques Mendes apontou este domingo falhas ao Governo e às autoridades de saúde na forma como lidaram com a situação epidemiológica em Lisboa e Vale do Tejo (LVT), região do país que tem concentrado a grande maioria dos novos casos de Covid-19.
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Política Marques Mendes
Frisando que é preciso ter "alguma calma" relativamente à situação epidemiológica em Portugal, Marques Mendes lembrou que, há um mês, o "país vivia uma euforia" - "tínhamos sido os maiores, éramos bestiais" - e "de repente, esta semana entrámos em depressão, parece que já não somos bestiais e somos umas bestas".
Para o social-democrata, que reconhece que há "um problema sério" em Lisboa e Vale do Tejo, "nem oito nem oitenta". "Nem antes houve um milagre - que não houve -, nem vamos considerar agora que Portugal é um desastre - que também não é", defendeu no seu habitual espaço de comentário na SIC.
Reconhecendo que existe um problema e que devemos enfrentá-lo, o comentador considerou, contudo, que não devemos "dramatizar a situação". Marques Mendes deu como exemplo o caso da Alemanha, país que teve nos últimos dias "um problema semelhante" com o aumento de casos de Covid-19 devido a vários surtos.
Na ótica do social-democrata, as "pessoas estão neste momento preocupadas" e há "alguma histeria e depressão" relativamente à situação pandémica.
"Acho que o país é vítima de três situações muito distintas", disse, considerando que Portugal é vítima, em primeiro lugar, das expetativas "muito altas" e "falsas" que tinha.
"Durante o mês de abril, criou-se muito a ideia que Portugal era um caso milagre e de grande sucesso (...) É verdade que tivemos sucesso, os nossos serviços de saúde não entraram em rutura perante o pesadelo que eram Itália e Espanha". Todavia, a ideia criada de que eramos "excecionais" comportava em si "algum exagero". No dia 4 de maio, quando se iniciou a primeira fase do desconfinamento, o número de casos diários foi de 241 - "um número altíssimo", recordou, realçando que, nessa altura, "estávamos no fio da navalha". Ou seja, "o problema estava lá, nós é que não quisemos vê-lo", resumiu.
Marques Mendes considera que o excesso de confiança originou um excesso de facilitismo por parte do Governo. "Deslumbrado com esta ideia que se falava em todo o mundo de que Portugal era um caso excepcional, o Governo facilitou muito", criticou, assinalando que o Executivo socialista agiu "tarde e a más horas" perante o problema de LVT (hoje a região concentrou 86% das novas infeções). "[O Governo] não teve competência suficiente para agir dentro do tempo", atirou o ex-líder do PSD, vaticinando que esta é "uma mancha que fica no currículo do Governo".
Se da parte do Executivo houve "excesso de confiança", da parta das autoridades de saúde também houve uma "falha", considera o comentador, referindo-se quer à Direção-Geral de Saúde em geral quer às autoridades de saúde da região de LVT. "Nunca foram capazes de dar uma explicação convincente para o problema sério", notou, apontando que a maior falha foi nunca terem chamado à atenção. "Nunca o fizeram", lamentou.
Em suma, "todos falharam". "Falhou o Governo, as autoridades de saúde e todos nós cidadãos", disse Marques Mendes, acrescentando que todos devemos reconhecer que estamos perante uma questão "nova, muito complexa e que tem muitas incertezas". "O melhor é ter a humildade de concertar posições e de dialogar de forma eficaz. O que precisamos verdadeiramente é de eficácia", concluiu.
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