Em entrevista à RTP, na sequência das críticas feitas anteriormente às "chefias" no combate à pandemia, o presidente da Câmara de Lisboa criticou a interrupção da realização de inquéritos epidemiológicos ao fim de semana. "Não acho normal haver interrupção da realização de inquéritos epidemiológicos ao fim de semana. O vírus não tira fim de semana, não tira feriados. O vírus não descansa", apontou.
Para o autarca, o combate à Covid-19 exige mais recursos e rapidez. "Precisamos de assegurar uma capacidade, um foco e uma atenção muito grande", disse, sublinhando que "estamos num momento muito crítico do combate à pandemia na região" e que há "capacidade de vergar estes números". "Mas se não o fizermos a tempo, lidamos com uma situação muito pior", alertou.
Medina referiu que "a situação que enfrentamos precisa de ser atendida com um grande sentido de urgência e com uma grande mobilização de recursos", reforçando que é necessária uma "ação no terreno com mais recursos, com mais efetivos, com grande capacidade de direção para podermos fazer o que é fundamental". E no seu entender, o fundamental é: "Testar, isolar, rastrear, vigiar e assegurar às pessoas condições para fazerem o seu confinamento".
Questionado sobre se o que apontara como fundamental não está a ser feito, o autarca disse que é preciso fazer "mais, melhor e mais rápido do que temos coletivamente feito". Medina referiu, por exemplo, que "há uma diferença" entre fazer o rastreamento de casos em dois dias ou em uma semana.
"É a diferença entre poder controlar melhor ou não controlar uma cadeia de transmissão. Por exemplo, chegar a um determinado local em que sabemos que há alguém infetado (...), é a diferença entre percebermos que há condições para a pessoa se manter isolada na sua casa ou chegar lá tarde (...), é a diferença entre podermos resolver [a situação], ter um caso, ou termos cinco ou seis".
Para Fernando Medina, este controlo está agora "melhor", mas tem que ser feito "ainda com mais intensidade", apontou, caraterizando a situação como "estável", embora a "um nível bastante acima do que seria desejável".
Relativamente à crítica dirigida às "chefias", o autarca insistiu que se referia a estruturas a nível regional e local, sublinhando ter sido "muito claro" sobre aquilo que disse. "O alerta que eu deixei foi muito preciso e muito claro. Precisamos de ter um exército maior, que tem vindo a ser reforçado, mas tem de ser ainda mais para lidarmos com esta fase e para prevenirmos", acrescentou.
Em Portugal, o boletim de quinta-feira da Direção-Geral de Saúde indicava mais oito mortes e 328 novas infeções, sendo agora o total de óbitos de 1.587 e de casos de 42.782. Dos novos casos registados ontem, 83% concentravam-se na região de Lisboa e Vale do Tejo. De recordar que a Área Metropolitana de Lisboa (AML) se encontra, desde quarta-feira, em estado de contingência, sendo que 19 freguesias permanecem em estado de calamidade.