"Acho que Fernando Medina, naquilo que disse, tem razão"
Marques Mendes elogiou as críticas que o presidente da Câmara Municipal de Lisboa apontou às autoridades de saúde.
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Política Marques Mendes
Luís Marques Mendes defendeu, este domingo, Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que esteve no centro do debate público e político após ter responsabilizado, em parte, as autoridades de saúde pelo exponencial aumento de casos de Covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT).
"Achei que foi uma polémica um pouco exagerada. Acho que Fernando Medina, naquilo que disse, tem razão", começou por avaliar no seu espaço semanal de comentário na SIC Notícias.
Para o antigo dirigente social-democrata, o autarca socialista foi "muito criticado" porque houve quem interpretasse as suas palavras como uma forma de se "demarcar e não ser politicamente atingido com o que se passa" na capital e, por outro lado, porque houve quem considerasse ainda que as suas críticas deveriam ter sido levantadas junto dos responsáveis "em privado e não em público".
Contudo, Marques Mendes considera que as críticas apontadas a Medina "não fazem sentido": "Primeiro, é natural que um político tenha a sua agenda e faça os seus cálculos políticos. Afinal, todos o fazem. Segundo, um político tem o direito e o dever de fazer críticas públicas, sobretudo quando as críticas privadas não dão resultado".
Mais, para o comentador, o presidente da Câmara não inventou factos, nem disse algo errado, antes pelo contrário, Medina "disse coisas certas, coisas que eram importante dizer e teve a coragem de o fazer".
Sublinhando que o autarca em nada se afastou da realidade quando afirmou que em LVT "há más chefias na saúde e falta de meios", Marques Mendes reiterou que "era importante dizer estas verdades".
"Era preciso colocar pressão no Governo e nas autoridades de saúde. As coisas em LVT não vão bem. O Governo está a facilitar e, se não se muda agora o que houver a mudar, corre-se o risco de a situação piorar no futuro. Finalmente, teve a coragem de dizer em voz alta o que tantos e tantos dizem em voz baixa", elogiou.
Ainda assim, o antigo ministro deixou um "reparo" ao autarca: "É pena que estas declarações não tenham sido feitas mais cedo". "E pior ainda será se o Governo não aproveitar a oportunidade para mudar", atirou ainda Marques Mendes a matéria.
Na passada terça-feira, no seu espaço de comentário político na TVI, Medina criticou a atuação das autoridades de saúde no combate à pandemia de Covid-19, dizendo que "com maus chefes e pouco exército não é possível ganhar esta guerra". Posteriormente, numa entrevista ao podcast do PS 'Política com Palavra', o autarca esclareceu que as suas críticas visaram "especifica e circunscritamente" as chefias regionais e a equipa que está no terreno na Grande Lisboa.
Questionado pelos vereadores do CDS-PP, do PCP e do PSD sobre as mesmas declarações, na passada quinta-feira, Medina reconheceu que suscitaram "múltiplas interpretações", mas especificou que o que disse foi no sentido de que é preciso, de forma rápida, testar, ter resultados, fazer os rastreios e assegurar que os infetados têm condições para ficar em isolamento.
Entretanto, António Costa também reagiu desdramatizando a polémica, afirmando que acompanha a "frustração dos autarcas", mas defendendo que os meios estão a ser reforçados. O desconforto dentro da família socialista com as palavras de Medina levou ainda ao presidente do partido, Carlos César, a pedir contenção e a lembrar que as autarquias “não são uma espécie de sindicatos de opinião”.
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