A Assembleia da República vai votar, esta terça-feira, dia 7 de junho, cinco projetos-lei que pretendem terminar com o financiamento público dos espetáculos tauromáquicos. Na noite de segunda-feira, Miguel Sousa Tavares e a líder parlamentar do PAN Inês de Sousa Real debateram o tema no Jornal das 8 da TVI.
A deputada começou por relembrar que esta atividade “é fortemente contestada pela sociedade” e que, ainda ontem, 25 mil cidadãos apresentaram uma petição para terminar com as touradas, uma atividade que, defende, nem devia existir na sociedade dos dias de hoje.
“Não faz sentido que os dinheiros públicos, porque falamos de dinheiro dos contribuintes, sejam utilizados para financiar uma atividade que é fortemente contestada pela pela sociedade, precisamente pelo sofrimento infligido aos animais […]. E quando tantos sacrifícios são pedidos aos portugueses, nomeadamente, a falta de dinheiro público para a saúde, para a educação, para aquela que é a valorização profissional, não faz sentido que uma atividade que não gera postos de trabalho”, disse.
Já Miguel Sousa Tavares discorda que a atividade tauromáquica não dê emprego. O comentador garantiu que esta iniciativa coloca em causa a subsistência de várias famílias e não são só criadores de touros e toureiros. “As costureiras, as pessoas que fazem celas, as pessoas que estão nas bilheteiras. São milhares de pessoas”, recordou.
Ao que a parlamentar contra-atacou: “Essas pessoas não vivem exclusivamente desta atividade. Essas pessoas trabalham para uma série de outras atividades”.
“É preciso dizer números concretos. Quanto é que o Estado gasta, de quanto é que estamos a falar, é preciso saber quantas famílias é que vão deixar de ter emprego, quantos milhares de pessoas estão ligadas a isto porque não basta que você não goste de touradas. Tem o direito de não gostar, como outras pessoas têm o direito de gostar. Uns têm o direito de ser deputados, outros têm o direito de viver de criar gado, serem forcados, serem cavaleiros, serem toureiros. O que eu não percebo é a sua superioridade moral para tentar proibir os outros de terem um modo de vida e uma cultura que é própria e que eles respeitam”, atirou Sousa Tavares.
“Da mesma forma que a cultura se forma também se perde e também se bane quando não acompanha os valores do século XXI […]. O Estado não deve financiar uma atividade crónica que não tem lugar no século XXI”, respondeu Inês de Sousa Real.
Visivelmente irritado com a resposta da parlamentar, o escritor acusou "alguns partidos políticos" de quererem impor à sociedade portuguesa os ideais populares da maioria dos eleitores
"Querem impor as vossas ideias pela força porque vos falta a razão [...]. Quando é que proíbem os pássaros nas gaiolas?”, questionou Sousa Tavares, ao que Inês Sousa Leal respondeu que não era essa a questão que estava a ser debatida.