Catarina Martins avisa que BE nunca coloca "o mandato dentro da gaveta"
A coordenadora bloquista garantiu hoje que o horizonte "sempre foi o da legislatura", mas sem colocar o mandato na gaveta, com o primeiro-ministro a defender que que quem conseguiu impedir a maioria absoluta deve assegurar que "haja geringonça".
© Lusa
Política Estado da Nação
Na primeira intervenção no debate do Estado da Nação de hoje, a líder do BE Catarina Martins fez questão de responder à intervenção inicial do primeiro-ministro, António Costa, que considerou que Portugal precisa de uma base de entendimento política sólida, afirmando que essa condição é indispensável com a atual crise pandémica e rejeitando "competições de descolagem" entre partidos e "calculismos" eleitorais.
"O BE propôs há menos de um ano ao PS um acordo formal para a legislatura. O PS recusou esse acordo e preferiu negociar orçamento a orçamento, coisa que aliás o BE tem feito como bem sabe", começou por recordar Catarina Martins.
A líder do BE foi perentória: "senhor primeiro-ministro, o nosso horizonte sempre foi o da legislatura, nunca colocamos é o nosso mandato dentro da gaveta".
Na resposta, António Costa disse manter a interpretação que teve do mandato que recebeu na noite das eleições: "aquilo que os portugueses disseram foi muito simples: queriam prosseguir com a geringonça, agora com um PS mais forte".
"Esse foi seguramente o mandato que o PS recebeu, mas esse também foi seguramente o mandato daqueles que fizeram campanha eleitoral a pedir para que o PS não tivesse maioria absoluta porque se o PS tivesse maioria absoluta não havia geringonça", afirmou.
Assim, para o primeiro-ministro, "quem conseguiu que não houvesse maioria absoluta tem a responsabilidade agora de assegurar também que haja geringonça mesmo com um PS mais forte".
O chefe do executivo escusou-se a discutir a história, mas assumiu que "as circunstâncias mudaram" desde o início da legislatura.
"Acho que temos o estrito dever de voltar a olhar para estas condições porque há aqui uma nova agenda e é uma agenda que é comum. Agenda de reforço dos serviços públicos, de reforço do investimento público, de recusa de austeridade, de garantir que não temos qualquer retrocesso neste processo e uma nova agenda quer nas novas políticas de habitação quer em sede laboral de combate à precariedade e à informalidade. Esta é uma nova agenda e temos o dever comum de responder ao mandato que recebemos", referiu.
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