A Festa do Avante, que vai decorrer dos dias 4 a 6 de setembro, foi um dos temas abordados por Luís Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário de domingo, no Jornal da Noite da SIC. O ex-líder do PSD começou por apontar que, do seu ponto de vista, a realização deste festival é "uma decisão que não faz sentido nenhum".
"Acho que no atual estado da pandemia, da saúde pública e com os problemas que temos pela frente, a realização da Festa do Avante é uma decisão inacreditável", acrescentou.
E é "inacreditável" por dois motivos: "Por um lado, que o Partido Comunista Português teime e insista em fazer a Festa do avante nos moldes tradicionais. Segundo, é inacreditável que o Governo e a Direção-Geral da Saúde se preparem para, mais dia menos dia, autorizarem a realização".
Frisando ainda que não se trata de uma "questão política" mas sim de "saúde pública" - nem é uma "má vontade contra o PCP", mas uma "defesa das regras que devem ser iguais para todos" - Marques Mendes opinou que a Festa não deveria existir por "uma questão de exemplo".
"O PCP, como partido responsável que é, devia ser o primeiro interessado em dar o exemplo de não fazer realizações que podem contribuir para agravar o risco de novos contágios e, portanto, o risco até de uma segunda vaga", advogou, sublinhando também os "exemplos" que outros partidos deram com os cancelamentos de "todas as rentrées do verão".
Em segundo lugar, o comentador falou numa "razão de coerência". "O Governo, por um lado, e a Direção-Geral da Saúde não deviam autorizar a realização da Festa do Avante, sobretudo naquela parte não política: o festival de música e outras atividades. Como é que o mesmo Governo que proibiu os festivais de música no verão por razões de saúde pública vai agora autorizar um festival de música em setembro só que é organizado pelo Partido Comunista?"
Salientando a importância do PCP, o ex-líder da oposição disse que este "não pode ser tratado como um Estado dentro do Estado".
Por fim, Marques Mendes mostrou uma "razão prática". "Com uma realização que o partido quer fazer, com 100 mil pessoas, mesmo que haja todo o rigor no uso da máscara e no distanciamento social, alguém acredita que não há o risco de contágio? No momento em que se começa a falar de uma segunda vaga?", questionou.
Lembrando o 1.º de Maio, e a celebração "com muito menos pessoas" que decorreu na Alameda, em Lisboa, o comentador considerou que "mesmo com as preocupações todas não é possível, a dada altura, fiscalizar".
Assim, a grande questão que "vai indignar a generalidade dos portugueses" é "porque é que há aqui um tratamento de favor". "Porque é que em relação ao festival organizado pelo PCP as autoridades são mais complacentes do que em relação a outras organizações? Ninguém compreende".
De recordar que o Conselho de Ministros aprovou, em maio, a proibição dos festivais até dia 30 de setembro. A lei prevê a emissão de um vale de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores.