"A partir do dia 1 de setembro, o Aeroporto das Lajes deixa de ter voos internacionais. A SATA deixa de voar para Boston [Estados Unidos] e para Toronto [Canadá]. É preciso recuar ao tempo da ditadura salazarista para encontrarmos tal paralelo. Até a primavera marcelista, em 1971, inaugurou o voo Lisboa-Lajes-Boston", afirmou.
Artur Lima, que falava numa conferência de imprensa junto ao Aeroporto das Lajes, acusou o Governo Regional dos Açores, o Governo da República, a SATA e a TAP de formarem uma "coligação negativa, que vai provocar um retrocesso do desenvolvimento económico e social na ilha Terceira como nunca antes visto".
"O senhor presidente do conselho de administração da SATA disse que ia reestruturar a SATA doesse a quem doesse. Já percebemos a quem vai doer, vai doer à Terceira e aos terceirenses, uma vez que a SATA não voa para a ilha Terceira", frisou.
O dirigente centrista disse que a Azores Airlines, do grupo SATA, "deixou de voar para a ilha Terceira", fazendo atualmente apenas uma escala na ligação Lisboa-Boston-Lisboa, com ida à terça e regresso na quarta-feira.
"A única ilha que foi ostracizada pela SATA foi a Terceira e propositadamente, com a complacência do Governo Regional e do conselho de administração", sublinhou.
A SATA anunciou, entretanto, a retoma das ligações diretas entre a Terceira e o Porto, mas o líder do CDS-PP considerou que são "voos eleitorais", classificando o anúncio como "uma palhaçada", a que "os terceirenses saberão reagir", nas eleições regionais, em outubro.
Para Artur Lima, a justificação "financeira" para o cancelamento das rotas para Boston e Toronto não pode ser aceite quando a empresa gastou 36 milhões de euros, entre 2018 e 2020, "para ter um avião parado" e outros 23 milhões de euros para o vender.
"Temos praticamente 60 milhões de euros esbanjados e pagos pelo dinheiro os açorianos, mas não há dinheiro para fazer voos para a Terceira", reiterou.
O líder centrista, que é também deputado na Assembleia Legislativa dos Açores, criticou, por outro lado, o facto de ainda não ter sido dado a conhecer o plano de reestruturação da companhia aérea açoriana, que segundo o executivo açoriano está concluído desde julho.
"A democracia nos Açores está doente, está infetada, não sei por que vírus, mas deve ser o socialista vírus, porque há um plano de negócios de uma empresa pública, com dinheiros públicos, paga pelos nossos impostos, que devia ser público e publicado, mas é segredo, em democracia", criticou.
A Lusa tentou obter uma reação do grupo SATA, mas até ao momento tal não foi possível.