De visita ao Algarve, este domingo, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se preocupado pelo facto de ainda não ser conhecida a posição da Direção-Geral da Saúde quanto às regras sanitárias a cumprir na Festa do Avante!.
Recordou o chefe de Estado que quando, a 26 de maio, promulgou a Lei n.º 19/2020, que estabelece medidas excecionais e temporárias de resposta à pandemia no âmbito cultural e artístico, deixou três alertas: "Que as autoridades sanitárias interviessem com clareza, de forma atempada" e que fosse cumprido o "princípio da igualdade".
"Faltam cinco dias [para o Avante!], não se conhece a posição das autoridades sanitárias (DGS) sobre as regras que devem presidir à realização. Não há conhecimento atempado, não há clareza, não se pode saber se há respeito do princípio da igualdade", revelou o Presidente.
"Isto", pressagiou ainda, "não é bom para ninguém. Não é bom para o Estado, não é bom para quem organiza, nem para a credibilidade que é fundamental neste momento".
Perante o cenário de pandemia, que no caso português "tem conhecido altos e baixos, mais do que noutras alturas, impunha-se que se soubesse com antecedência as regras do jogo. Isso preocupa-me e penso que não é bom augúrio. Nunca pensei que chegássemos a cinco dias sem conhecermos as regras do jogo", criticou.
A Festa do Avante!, recorde-se, decorrerá nos dias 4, 5 e 6 de setembro, na Atalaia .
Portugal fica no 'corredor turístico' do Reino Unido?
Portugal foi recentemente incluído no 'corredor turístico' do Reino Unido, mas o aumento de casos de Covid-19 nos últimos dias tem deixado a dúvida quanto à permanência do país na lista.
Considerou Marcelo, à margem da visita às termas de Monchique, que "os números [da doença] no Algarve são residuais em termos nacionais. No aumento de casos que tem havido, não se pode dizer que o peso dos números do Algarve seja decisivo".
No entendimento do Presidente, "não se pode dizer que existem circunstâncias que justifiquem a inversão da decisão do Reino Unido em relação a Portugal".
Marcelo Rebelo de Sousa recordou, neste contexto, a importância do turismo "estrangeiro" e do "britânico" em particular. Nas últimas visitas ao Algarve, o chefe de Estado tem notado a diferença quanto à presença de turistas.
O Presidente da República justificou ainda a resposta que deu à popular que o interpelou na Feira do Livro do Porto, indicando que "uma das missões do Presidente é estar junto do povo e isso significa ouvir o povo. Foi o que eu fiz ontem".
Quanto à queixa que a popular fez do Governo, "há quem não se sinta representado" e "expliquei que há eleições para a Assembleia da República e é a partir daí que saem os governos. Portanto, o que eu disse foi para que [a popular] faça tudo o que estiver ao seu alcance para que a maioria dos portugueses pense o mesmo".
Vincou o chefe de Estado que "a forma democrática de agir, além de votar, é tentar convencer os outros através da pedagogia no sentido de concordarem com as [nossas] opiniões. É assim a democracia".