O Partido Social Democrata apresentou esta segunda-feira, no Porto, o Plano de Recuperação que o partido propõe para que o país ultrapasse a crise geral, provocada pela pandemia. Antes de apresentar as linhas gerais do plano, Rui Rio elogiou o papel da União Europeia que, a seu ver, "cumpriu o seu papel".
"Este foi um passo absolutamente decisivo, difícil, mas, no fim, o resultado é positivo. Está aqui o apoio da UE", sublinhou, apontando, contudo, a restrição de que o dinheiro concedido tem de ser usado "num curto espaço de tempo".
Posto isto, o líder social democrata levantou uma questão, que considera "absolutamente vital". "Quem é que vai pagar esta 'bazuca'?", lançou, referindo que "a maioria da população tem um pouco a ideia que este dinheiro é do Estado, e se é do Estado ninguém vai pagar".
"Mas não, vamos pagar", completou de imediato, vincando que "a principal fatura" será paga pelas gerações mais novas.
"Portanto, se são as gerações futuras, particularmente a geração que vem atrás de nós, que vão ter de pagar, então temos que ter aqui, naquilo que são os objetivos de Portugal e da Europa nesta matéria, um compromisso com o futuro. Por isso, há uma imposição por parte da União Europeia, com a qual eu estou totalmente de acordo e que temos também no nosso programa, que tem a ver com o combate às alterações climáticas", disse, referindo que concorda com a imposição da UE de que "uma fatia substancial deste dinheiro deve ser alocada a qualquer coisa que combata as alterações climáticas".
O segundo mandamento, continuou, é obviamente uma aplicação competente destes fundos. "E uma aplicação competente destes fundos pode efetivamente ter alguma aplicação no curto prazo, e eu compreendo, mas o grosso da aplicação tem de ser aplicado numa visão de longo prazo, para melhorar a sociedade, particularmente uma sociedade que aqueles que são mais novos vão receber de nós. Portanto, tem de haver um payback em desenvolvimento. É isso que temos de ter presente se quisermos ser sérios e honestos na aplicação deste dinheiro", sublinhou.
Ligado a a uma aplicação competente, está também uma "aplicação honesta", acrescentou, referindo que é vital conseguir que os fundos sejam aplicados sem corrupção. "Sabemos que quando temos muito dinheiro para gastar em muito pouco tempo, estamos a correr um risco tremendo em matéria de corrupção. Portanto, temos de encontrar formas para o atenuar. Não digo para o evitar porque evitar de todo, penso que seria a primeira vez na história, mas para o atenuar e dificultar", vincou.
Por fim, apontou Rui Rio, aquilo que deve ser o objetivo, é o reforço da classe média. "Temos um salário médio em Portugal muito baixo e uma classe média pequena. A estratégia não deve ser atenuar um pouco as dificuldades que os mais desfavorecidos passam, a estratégia tem de ser reforçar a classe média. Trazer esses mais desfavorecidos para dentro da classe média", culmatou.