Rui Rio anunciou, esta quarta-feira, que o PSD vai chumbar a proposta de Orçamento do Estado de 2021 (OE2021), apresentada pelo Governo.

A decisão do partido foi comunicada ao país, pelo líder social-democrata, no encerramento das jornadas parlamentares de um dia, que se realizaram esta quarta-feira na Assembleia da República. 

"Este Orçamento do Estado não é realista e arrisco dizer que, muito dificilmente, não teremos um orçamento retificativo", afirmou Rio, referindo-se ao aumento do IRC e ao défice.

Para o presidente do PSD, este Orçamento está fortemente marcado pela pandemia, mas também pelas escolhas feitas pelo Governo nos últimos anos.

"Este Orçamento está marcado pela pandemia, mas não está apenas marcado pela pandemia, está também marcado pelo passado recente, por aquilo que foram as opções do Governo nos últimos anos (...). Este Orçamento está assim condicionado pelas opções que o Governo tomou nos últimos anos", atirou.

PSD está livre para "votar contra um orçamento que se esforça por agradar ideologicamente ao PCP e BE, esquece o futuro e não visa a recuperação económica de Portugal" (Rui Rio)Sobre a gestão da segunda vaga da pandemia, Rui Rio afirmou que o Executivo de António Costa "falhou"  na preparação da mesma. "Uma coisa era o desconhecimento que todos tínhamos em março e em abril, outra coisa é o conhecimento que tínhamos já em julho relativamente à possibilidade de uma segunda vaga com o 'know-how' que, entretanto, adquirimos todos", salientou.

Apesar de "não podermos exigir a perfeição, pois sabemos que é impossível seja que Governo for resolver o problema, é possível ser mais acutilante, programar melhor as coisas e ter o SNS em melhores condições do que aquilo que estamos a falar".

"O PSD é mais responsável na oposição, do que o PS no Governo"

Antes de anunciar o sentido de voto do PSD, Rui Rio admitiu ser a favor de muitas das medidas que constam na proposta de OE2021, "mas não a favor de todas ao mesmo tempo, porque isso aumenta o défice".

"Temos de ser seletivos, podem ser estas [medidas], mas temos de selecionar as que são mais importantes para o momento que estamos a passar. Esta ânsia pela propaganda, um dia sai-lhes o tiro pela culatra", atirou, acrescentando que a proposta apresentada pelo Executivo de António Costa "é uma ilusão que não vale a pena vender desta forma".

Por isso, vincou Rio, "o PSD é mais responsável na oposição, do que o PS no Governo", e pretende "fazer aquilo que é possível fazer, aquilo que temos a certeza que conseguíamos fazer se estivéssemos no lugar deles" e, por isso, pede menos medidas do que as que constam na "propaganda" do Governo.

"PSD só pode votar contra porque esse é que é o voto coerente"

Sobre o sentido de voto do PSD, Rui Rio sublinhou que o partido até se podia "abster" neste Orçamento, "por causa da pandemia, por causa da presidência portuguesa na UE - que se inicia no dia 1 de janeiro -, porque o Presidente da República está com os seus poderes diminuídos - e nem se quer pode dissolver o Parlamento -, porque temos necessidade de recuperar a economia e otimizar as ajudas da UE", só que António Costa disse que "o seu projeto é com o BE e o PCP e que no momento em que precisasse do PSD para aprovar o Orçamento o seu Governo terminava nesse momento".

Ora, frisou Rui Rio, "se o Orçamento é mau, não combate o desemprego, senão apoia as empresas, se distribui o que tem e o que não tem, se tem défice de transparência, se pré-anuncia um orçamento retificativo e se o voto do PSD não serve nem para evitar uma crise política, então o PSD só pode votar contra porque esse é que é o voto coerente com aquilo que queremos fazer".

Reveja aqui a conferência de imprensa do líder do PSD:

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