Esta posição foi transmitida por João Cotrim Figueiredo no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, destinada a analisar medidas de combate à pandemia da covid-19 que poderão sair do Conselho de Ministros extraordinário deste sábado.
Segundo o deputado único da Iniciativa Liberal, durante a reunião, o primeiro-ministro "dividiu as medidas basicamente em duas: Aquelas que são extensões daquilo que se aplicou em Lousada, Felgueiras e Paços de Ferreira, com encerramento de estabelecimentos, recolher obrigatório e medidas de limitação de circulação; e outro conjunto que exige já estado de emergência, como o recolher obrigatório para todo o território e para toda a população".
"Em relação a essa hipótese, a Iniciativa Liberal teve a ocasião de dizer que se opõem frontalmente, porque se trata de uma limitação excessiva das liberdades individuais e, sobretudo, porque não há qualquer fundamento para aplicar a todos os concelhos do país a mesma medida no pressuposto de que o problema idêntico", defendeu João Cotrim Figueiredo.
Neste ponto relativo ao recolher obrigatório, João Cotrim Figueiredo afirmou, porém, que o Governo não comunicou qualquer proposta em termos de período horário de aplicação.
No que respeita ao encerramento de estabelecimentos comerciais (restauração, eventos ou bares), João Cotrim Figueiredo confirmou que esse capítulo "fará parte das propostas que no sábado o Conselho de Ministros apreciará, mas não se falou de horas específicas em que isso pode ocorrer".
Neste ponto, apontou somente que em Paços de Ferreira, Felgueiras e Lousada "estão vedados os eventos particulares e continuam a poder ser autorizáveis os eventos culturais públicos mediante as orientações que, caso a caso, a Direção Geral da Saúde tem emitido".
O líder da Iniciativa Liberal manifestou-se depois muito crítico em relação à atuação executivo socialista no combate à covid-19, referindo que a expectativa do seu partido antes da reunião de hoje era a de que fossem apresentadas "as fundamentações estatísticas e científicas para as decisões que o Governo tenciona tomar no sábado, assim como aquelas que já tomou nos tempos mais recentes".
"Mas essa expectativa saiu gorada, porque há demasiadas coisas que estão ainda a ser decididas apenas com base naquilo que outros países andam a fazer, ou na expectativa que possam funcionar no controlo efetivo da pandemia. Por isso, não é possível à Iniciativa Liberal ter uma reação de acordo ou desacordo em relação ao conjunto de medidas propostas, já que não podemos medir a proporcionalidade de cada uma em relação ao problema a resolver", justificou.
Perante os jornalistas, João Cotrim Figueiredo disse ainda que se manifestou de acordo com o primeiro-ministro em relação à "importância de manter abertas as escolas nos vários ciclos de ensino, porque os custos associados ao encerramento das escolas são demasiado grandes e, como se sabe hoje, o nível de contágio é bastante limitado".
No entanto, segundo o presidente da Iniciativa Liberal, "ao contrário do que aconteceu em abril e maio não estão a aparecer hospitais de campanha em número suficiente, não se vê uma política de testes rápidos, nem outras medidas que poderiam prevenir esta dimensão da pandemia".
"Também entendemos que as decisões do Governo têm sido muito erráticas e a mensagem não tem sido adaptada em função do destinatário. Saímos desta reunião exatamente como entrámos, ou seja, sem saber se as medidas que vão ser propostas no sábado [pelo executivo] têm proporcionalidade relativamente ao problema que querem resolver", acrescentou.