As medidas que amanhã poderão ser tomadas pelo Executivo de António Costa em Conselho de Ministros extraordinário para combater a propagação do novo coronavírus foram um dos temas em cima da mesa no habitual comentário das sextas-feiras de Francisco Louçã na SIC Notícias. O fundador do Bloco de Esquerda começou por destacar os dados epidemiológicos das últimas 24 horas - "o maior desde sempre", acrescentando que "nesta semana temos quase temos quase 25 mil casos".
"Outros países tomaram medidas variadas", prosseguiu, frisando "o equivalente ao nosso Estado de Emergência em França" ou "um Estado de Emergência um pouco diferente na Alemanha". Por cá, "há muita especulação sobre o que o Governo pode decidir".
"Alguns partidos ao saírem da reunião de hoje com o primeiro-ministro deram algumas indicações e não sei exatamente o que será decidido, o Governo só amanhã o vai deliberar", sublinhou ainda.
Contudo, o comentador considera que há "alguns sinais errados e alguns caminhos mais sólidos". "Sinais errados é dizer que se podem tomar medidas daqui a um mês. É certo que vão ser tomadas medidas já amanhã, mas anunciar que pode haver um confinamento daqui a um mês não tem nenhum sentido".
Agora, defendeu, "deve haver medidas que cortem os canais" da transmissão da doença. "Se é a restauração, se são os bares, se são os transportes públicos é aí que é preciso incidir para proteger as pessoas", advogou.
Para o economista, também "não se pode prometer nada sobre o Natal", uma vez que "não tem nenhum sentido". "Provavelmente estaremos numa situação muito difícil no Natal, não se tomam medidas daqui a um mês por causa do que acontece daqui a um mês e meio", considerou ainda.
"Dar esperança falsa não tem sentido. As pessoas precisam de ter a certeza que medidas ponderadas são tomadas agora com energia", afirmou Louçã, apontando "por onde elas podem caminhar": "Podem caminhar por medidas diferenciadas de cuidado nas deslocações de concelho a concelho, podem ser sinalizações públicas e vigilância sobre transportes, pode ser redução dos espaços públicos onde as pessoas se encontram em situação mais vulnerável - como restaurantes", enumerou.
"Não deve ser, na minha opinião, chegar à situação extrema do Estado de Emergência que é o único que permite recolher obrigatório e outras medidas desse tipo. Porque isso criaria uma fratura - não tem consenso político, não tem consenso técnico suficiente - e não há nenhuma razão para agora, no final de outubro, recorrermos às últimas das respostas que podemos ter e que podem ser necessárias depois", opinou Francisco Louçã.
Recorde-se que o boletim epidemiológico desta sexta-feira deu conta de um novo recorde de novos casos de Covid-19 (4.656) e também de mortes (40) nas últimas 24 horas. Em termos globais, Portugal contabiliza nesta altura 137.272 casos de infeção e 2.468 óbitos.