O PEV afirmou, em comunicado, que tem "o maior respeito e reconhecimento pelo contributo que Gonçalo Ribeiro Telles deu na defesa de um melhor ambiente em Portugal, sendo o responsável por medidas políticas que se mostraram determinantes para a defesa da natureza e dos ecossistemas, como é o caso da REN (Reserva Ecológica Nacional)".
O arquiteto, figura pioneira da arquitetura paisagista em Portugal, morreu durante a tarde de quarta-feira, em casa, em Lisboa, aos 98 anos.
Ribeiro Telles, segundo os Verdes, "mostrou muito cedo uma visão vanguardista, não só como arquiteto paisagista, da qual os magníficos Jardins da Fundação Gulbenkian, cuja autoria, que partilha com António Viana Barreto, são um dos exemplos mais emblemáticos", mas também "como pensador de uma intervenção no território pautada pelo equilíbrio entre a resposta às necessidades humanas e a preservação dos sistemas naturais.
"Os Verdes agradecem-lhe os notáveis contributos que deu para a reflexão das problemáticas ambientais, nomeadamente na articulação entre o ordenamento do território e a preservação dos sistemas naturais e reconhecem o contributo inegável que deu ao surgimento do ecologismo em Portugal
Gonçalo Ribeiro Telles foi um dos principais responsáveis pelo desenho das áreas verdes de Lisboa, de Monsanto às zonas ribeirinhas, oriental e ocidental, do Vale de Alcântara, ao Jardim Amália, no Parque Eduardo VII, sem esquecer o mais antigo Jardim da Fundação Calouste Gulbenkian, que fez em parceria com Viana Barreto, pelo qual recebeu o Prémio Valmor, em 1975, nem projetos noutras zonas do país, como o Vale das Abadias, na Figueira da Foz.
O Corredor Verde de Monsanto e a integração da zona ribeirinha oriental e ocidental na Estrutura Verde Principal de Lisboa, bem como os projetos da Radial de Benfica, do Vale de Chelas, e do Parque Periférico também são da sua autoria.
Nascido em Lisboa, em 25 de maio de 1922, Gonçalo Pereira Ribeiro Telles licenciou-se em Engenharia Agrónoma, e formou-se em Arquitetura Paisagista, no Instituto Superior de Agronomia, onde iniciou a vida profissional como assistente e discípulo de Francisco Caldeira Cabral.
Ainda na política, fundou, em 1957, com Francisco Sousa Tavares, o Movimento dos Monárquicos Independentes e, depois, o Movimento dos Monárquicos Populares, apoiando, um ano mais tarde, a candidatura presidencial de Humberto Delgado.
Em 1971, ajudou a fundar o movimento Convergência Monárquica e, após o 25 de Abril, foi um dos fundadores do Partido Popular Monárquico, a cujo diretório presidiu, e que, em 1979, fez parte da Aliança Democrática (AD), liderada por Francisco Sá Carneiro.
Foi ministro de Estado e da Qualidade de Vida, no VIII Governo Constitucional, de 1981 a 1983, durante os governos da AD.