Reconhecendo que a evolução da pandemia é preocupante, o CDS disse, à saída do encontro com o Presidente Marcelo esta quarta-feira em Belém, que terá de saber quais são as medidas que o Governo propõe para a renovação do Estado de Emergência para "tomar uma posição" sobre a votação dos centristas.
"Não podemos sufragar, apoiar, votar favoravelmente medidas sem as conhecer. É evidente que o país está numa situação de Emergência, mas é importante que o Governo diga ao que vai" do ponto de vista da saúde pública, da economia e do apoio às famílias", afirmou o centrista Filipe Lobo D'Ávila.
"O CDS fala na criação de um mapa de risco, em função do efeito de contágio, há um mês", lembrou Filipe Lobo D'Ávila quando questionado sobre a possibilidade de o Governo dividir o país em três níveis de infeção, medida que o Executivo estará a ponderar de acordo com aquilo que avançou ontem o Partido Ecologista Os Verdes. "Não é de hoje, nem de há 15 dias que o CDS fala na necessidade de fazer uma diferenciação nos concelhos", acrescentou.
"Agora, o que é absolutamente bizarro e inusitado é isto acontecer na sequência de dois fins de semana em que foram aprovadas um conjunto de regras quase generalizadas". Regras essas que o CDS considera "totalmente incompreensíveis" quando o efeito em Saúde Pública é o de prevenir contactos e evitar contágios, a "verdade é que acabou por concentrar populações em determinados horários".
Para os centristas, medidas como esta, o recolher obrigatório a partir das 13h "demonstra um desnorte total" e "uma falta de estratégia que é muito preocupante". Desse ponto de vista, acrescentou Lobo D'Ávila, "saudamos o regresso a uma reunião com especialistas". "Porque de facto o Governo já demonstrou que não tem uma estratégia para responder a este momento muito sério", criticou o centrista.
O dirigente prosseguiu abordando os "apoios manifestamente insuficientes" dados à restauração, setor que "está a passar uma situação absolutamente dramática". Sobre a capacidade de resposta do SNS para doentes Covid, o centrista realçou que a capacidade de cuidados intensivos "está praticamente atingida". Por outro lado, "temos um SNS que responde com muitas deficiências a doentes não Covid, isso é algo que é muito preocupante" e demonstra uma "total impreparação" deste Governo.
A reunião de amanhã no Infarmed com especialistas será uma reunião "preparatória" das decisões que vão ser tomadas por parte do Governo e que, no fundo, "darão corpo e substância" ao decreto presidencial da declaração do Estado de Emergência. "A ideia com que fiquei é que o próprio Governo precisava de ouvir os especialistas, o que não deixa de ser absolutamente extraordinário", afirmou o centrista.
O CDS, recorde-se, votou favoravelmente na presente declaração de Estado de Emergência, ao lado do PS e do PSD.