"Todas as ações no terreno planeadas até ao final da campanha ficarão dependentes das novas medidas que, espera-se, serão tomadas pelo governo após a reunião com as autoridades sanitárias marcada para a próxima terça-feira, dia 12, às 10:00, no Infarmed", refere um comunicado da candidatura da antiga eurodeputada do PS.
De acordo com a mesma nota, "a embaixadora Ana Gomes acaba de receber um convite do senhor primeiro-ministro para assistir a essa reunião e tenciona aceitá-lo".
A candidatura informa que decidiu cancelar "todas as ações de campanha no terreno" previstas para domingo "face ao agravamento da situação sanitária no país confirmado pelos dados hoje revelados pela Direção-Geral de Saúde (DGS)", incluindo nos concelhos abrangidos pelas iniciativas, no distrito de Setúbal, "e considerando que todos esses concelhos se mantêm na situação de risco muito elevado".
"Esta candidatura associa-se assim ao esforço nacional de contenção da mobilidade dos cidadãos imposto pelo regime de recolher obrigatório, o qual afeta, nomeadamente, a circulação entre vários concelhos que teriam de ser atravessados pelas comitivas ligadas às várias ações da candidata previstas para amanhã no distrito de Setúbal", acrescenta a nota.
Para domingo, Ana Gomes previa começar a campanha pelas 10:00 na marginal de Sesimbra, para contactar com pescadores e população local, seguindo-se um encontro com a direção do Centro Social, Cultural e Desportivo da Quinta do Conde e, pelas 12:00, uma sessão pública no Barreiro, que contaria com intervenções do deputado André Pinotes Batista e do sindicalista e mandatário distrital da candidata Carlos Trindade, e que deveria terminar antes da hora prevista pelo recolher obrigatório na maioria dos concelhos do país, pelas 13:00.
Na quinta-feira, no final da reunião do Conselho de Ministros em que anunciou o provável agravamento das restrições a partir da próxima semana devido à pandemia, António Costa admitiu a possibilidade de convocar os candidatos presidenciais para estarem presentes na reunião com epidemiologistas, na terça-feira, no Infarmed, em Lisboa.
Nessa ocasião, o primeiro-ministro defendeu existirem condições de segurança para a realização das eleições presidenciais mesmo com o país em estado de emergência, mas sugeriu que os candidatos terão de se adaptar à realidade epidemiológica.
"Expressamente é dito [na lei do estado de emergência] que não é possível determinar qualquer proibição da atividade política - um tema muito discutido por ocasião do Congresso do PCP e que se aplica a uma campanha eleitoral. Naturalmente, os candidatos ajustarão a campanha eleitoral às circunstâncias próprias", disse.
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro, com o país a viver sob medidas restritivas devido à epidemia.
Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), o atual Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (que conta com o apoio do PAN e do Livre).
Em Portugal, morreram 7.701 pessoas dos 476.187 casos de infeção confirmados de covid-19, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
O estado de emergência decretado em 09 de novembro para combater a pandemia foi renovado com efeitos desde as 00:00 de 08 de janeiro, até dia 15.