"Entramos numa zona de descontrolo, e entramos depois de nove ou 10 semanas de estado de emergência. Apesar de haver estado de emergência, as medidas não foram as adequadas", criticou o deputado João Cotrim de Figueiredo, que acompanhou o candidato Tiago Mayan Gonçalves numa ação de campanha em Lisboa.
Já o candidato à Presidência da República considerou que o país não aguenta um novo confinamento igual àquele que foi imposto em março, admitindo, no entanto, a necessidade de mais restrições em função da atual situação epidemiológica.
"Se amanhã [terça-feira] me apresentarem um cenário de guerra em que os portugueses vão estar a morrer à porta dos hospitais de covid-19 e de outras doenças, é evidente que estamos numa situação muito mais difícil que implica medidas mais robustas", disse Tiago Mayan Gonçalves.
E acrescentou: "Se o Governo nos forçou a estarmos entre a espada e a parede, entre a destruição económica e social, e termos portugueses a morrer à porta dos hospitais, claro que a opção vai ter de ser pela vida".
Os candidatos presidenciais vão participar na terça-feira na reunião com epidemiologistas sobre a evolução da pandemia de covid-19, no Infarmed, e Tiago Mayan Gonçalves espera que desse encontro saiam, sobretudo, respostas.
"O que eu espero de resultados dessa reunião é perceber porque chegamos a este ponto, que medidas em concreto vão ser aplicadas e porquê, e perceber as medidas de apoio direto e imediato que o Governo vai ter de dar às atividades que mandar fechar e aos portugueses confinar", explicou.
Esses apoios são essenciais no entender do candidato liberal, que considera que Portugal não aguenta um novo confinamento geral, nos mesmos termos do primeiro, "que é deixar que a fatura seja pela pelas pessoas".
Por outro lado, Tiago Mayan Gonçalves alertou para as consequências socioeconómicas da pandemia, sublinhando que "a pobreza também mata".
Criticando, à semelhança de Cotrim de Figueiredo, os anteriores estados de emergência, Tiago Mayan Gonçalves disse ainda que é preciso explicar e demonstrar a relação entre quaisquer medidas de restrição e a diminuição de contágios pelo novo coronavírus.
O deputado João Cotrim de Figueiredo aproveitou a presença dos jornalistas para comentar as declarações da ministra da Saúde, Marta Temido, que admitiu avançar com "outros mecanismos", como a requisição civil, para garantir apoio aos hospitais públicos.
"Estamos a 11 de janeiro, este problema coloca-se desde abril. Desde abril que há pessoas que não conseguem resolver os seus problemas não-covid-19 por fala de disponibilidade do Serviço Nacional de Saúde e só agora é que a senhora ministra acorda", criticou.
Portugal regista hoje 122 mortos relacionados com a covid-19, o valor diário mais elevado desde o inicio da pandemia, e 5.604 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O boletim epidemiológico da DGS indica ainda que estão internadas 3.983, mais 213 do que no domingo, das quais 567 em cuidados intensivos, ou seja, mais nove. Também aqui Portugal atingiu um novo máximo.