"Já sei em quem vou votar na segunda volta, não sei é quem vai ser o meu adversário. Acredito que vou à segunda volta", afirmou Vitorino Silva, em entrevista à agência Lusa, o candidato a Belém que apenas vai utilizar um 'cartaz' durante a campanha, o tal que "calça [tamanho] 43 e mede 1,78 metros".
O também fundador e dirigente do RIR (Reagir, Incluir e Reciclar) recandidatou-se à Presidência da República depois de em 2016 ter arrecadado 152.094 votos, ou seja, 3,28% do total de eleitores que foram às urnas.
Este ano o candidato, popularmente conhecido como "Tino de Rans", acredita que vai conseguir muitos mais votos, inclusive o suficiente para disputar uma segunda volta com um dos outros seis adversários, uma vez que os portugueses aceitaram "muito bem" uma candidatura que apenas este ano conseguiu "visibilidade" mediática.
"Estou a ter uma visibilidade que nunca tive e não fiz nada para ter essa visibilidade. Há cinco anos fui abafado. Toda a gente achava que era um candidato provisório. Há dois anos [nas legislativas] fomos abafados [enquanto partido] e agora também íamos ser abafados, não sei porquê, que mal é que eu fiz", sustentou.
Contudo, o "povo anónimo, mas que está muito atento, estava com os olhos bem abertos" e impediu que Vitorino Silva, por exemplo, ficasse de fora dos debates na RTP, SIC e TVI com os outros seis candidatos -- como inicialmente estava previsto.
"O que mudou é que agora ouvem a minha voz, porque tive a oportunidade de estar em debates, estive a jogar ao mesmo nível que eles [os outros candidatos] e o eco chegou bem longe", argumenta.
Esta candidatura é, na opinião do candidato, consequência da vontade popular que até hoje "foi sempre figurante", mas "chegou a hora de o povo atingir o papel principal".
O dirigente do RIR afirmou que "é um homem só, que não está sozinho" porque é "assessorado pelo povo", ou seja, Vitorino Silva considera que tem "dez milhões de assessores".
O candidato conhecido também pelas alegorias e pelas expressões populares que utiliza para acompanhar todas as intervenções que faz sustenta que "'até ao lavar dos cestos ainda é vindima'".
As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro, com o país a viver sob medidas restritivas devido à epidemia. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
Desde 1976, foram Presidentes António Ramalho Eanes (1976-1986), Mário Soares (1986-1996), Jorge Sampaio (1996-2006) e Cavaco Silva (2006-2016). O atual chefe de Estado, eleito em 2016, é Marcelo Rebelo de Sousa, que se recandidata ao cargo.