Em declarações aos jornalistas, no final da reunião de especialistas no Infarmed, Francisco Rodrigues dos Santos justificou a intenção de votar favoravelmente a renovação do estado de emergênciacom a gravidade da atual situação epidemiológica, referindo que o confinamento é a única opção.
"Está em causa um novo confinamento porque foi aqui anunciado que era a única solução viável e útil para conseguirmos salvar vidas. E o CDS, querendo salvar vidas e sabendo qual é o plano que vai ser executado daqui para a frente, só tem uma opção, que é votar favoravelmente o estado de emergência", disse.
Assim, o CDS-PP muda a sua posição relativamente às anteriores renovações do estado de emergência, em que o partido, apesar de compreender a sua necessidade, recusou aprovar medidas que desconhecia, e absteve-se.
Apesar de, desta vez, se colocar do lado do Governo, que tem contado apenas com o apoio do PS e do PSD, Francisco Rodrigues dos Santos não deixou de criticar o executivo, responsabilizando-o pelo agravamento da pandemia.
"Isto acontece não só por todas as vicissitudes da pandemia, mas pela resposta errática, mau planeamento e incapacidade de previsão com que o Governo tem gerido esta crise", criticou Francisco Rodrigues dos Santos.
Sobre a Saúde, o presidente e deputado do CDS-PP recordou que "em tempo útil" alertou o executivo para o risco de concentrar a resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS), voltando agora a apontar um "preconceito ideológico na abordagem à pandemia".
Referindo o aumento da mortalidade registado em 2020, a falta de camas nas unidades de cuidados intensivos e o adiamento de consultas, exames e cirurgias, Francisco Rodrigues dos Santos diagnosticou a rutura do SNS e atribuiu responsabilidades.
"Existe uma responsabilidade política clara aqui da parte do Governo, que podia ter impedido mortes e abrir o sistema de saúde a toda a capacidade instalada", disse.
Por outro lado, o centrista considerou que Portugal não está a realizar testes suficientes e que as autoridades de saúde estão a demorar demasiado tempo a identificar as cadeias de transmissão, defendendo o reforço de meios humanos, e questionou também o plano de vacinação.
Para Francisco Rodrigues dos Santos, não é compreensível que não tenham sido incluídos na primeira fase do plano de vacinação todos os idosos e questionado sobre a hipótese de vacinar representantes políticos, disse que cedia a sua vacina a esses idosos que deveriam ser prioritários.
Portugal regista hoje 155 mortos relacionados com a covid-19, o valor diário mais elevado desde o início da pandemia, e 7.259 novos casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
O boletim epidemiológico da DGS indica ainda que estão internadas 4.043 pessoas, mais 60 do que na segunda-feira, das quais 599 em cuidados intensivos, ou seja, mais 32. Também aqui Portugal atingiu um novo máximo.
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