Partidos contra vacina prioritária para Presidente e primeiro-ministro
A esmagadora maioria dos partidos, à exceção do PAN, recusaram hoje que se dê prioridade à vacinação contra o covid-19 do Presidente e do primeiro-ministro.
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Política Covid-19
No final de uma reunião de especialistas e políticos na sede do Infarmed, em Lisboa, sobre a evolução epidemiológica em Portugal, o PSD foi quem mais simpatia mostrou com a ideia, enquanto o partido Pessoas-Animais Natureza (PAN) admite esse cenário.
O dirigente e deputado do PSD Ricardo Baptista Leite admitiu que "em relação às três figuras cimeiras do Estado [chefe do Estado, presidente do parlamento e primeiro-ministro] seria perfeitamente razoável" essa vacinação prioritária, como "é razoável" que o Marcelo "seja testado mais vezes do que o resto da população".
"Agora aquilo que me preocupa é compreender e garantir que estamos a vacinar as pessoas certas na ordem certa", acrescentou.
Pelo CDS, o líder, Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu que deve ser dada prioridade aos mais idosos, ao ponto de dizer que cedia a sua vacina a quem ficou fora da primeira fase do plano de vacinação.
E dado que Marcelo Rebelo de Sousa, está, pela idade, 72 anos, num grupo de risco, então admitiu que fosse vacinado.
Pelo PCP, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do partido, foi curto no comentário para dizer que há uma "ordem natural" nas prioridades na vacinação e garantiu que os comunistas não fazem "disso bandeira".
Moisés Ferreira, deputado do BE, foi claro ao dizer que os detentores de altos cargos políticos devem ser vacinados segundo dos critérios definidos e recusou que passem "à frente" da restante população.
"As figuras de Estado, os líderes políticos, os altos cargos do Estado, na nossa opinião devem ser vacinados segundo os critérios demográficos e de saúde que foram definidos para qualquer pessoa, para a população em geral", afirmou.
O PS, através de José Luís Carneiro, não se comprometeu e não quis "tomar uma posição desligada dos outros partidos", apesar de admitir que todos "devem estar protegidos".
Inês Sousa Real, líder parlamentar do PAN, disse ser, "de facto, ajuizado que quem está exposto à pandemia de uma forma mais diária", como o Presidente da República ou o primeiro-ministro, seja vacinado e que "o plano de vacinação deve ajustar-se a esse contexto".
"Precisamos de ter representantes que estejam em condições, do ponto de vista da sua saúde, para garantir que o Estado de direito democrático não é beliscado por esta pandemia", disse.
Mariana Silva, deputada do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV), disse que o plano de vacinação "foi feito por técnicos e especialistas" e que não será o seu partido a propor alteração para incluir os líderes políticos.
Frontalmente contra essa hipótese é André Ventura, deputado e líder do Chega, que disse à Lusa: "Os políticos, mesmo altas figuras de Estado, devem ser tratados como todos os outros cidadãos. Não faz sentido terem qualquer prioridade na vacinação, sobretudo quando nem os utentes dos lares estão vacinados ainda."
Pela Iniciativa Liberal, o deputado João Cotrim Figueiredo afirmou que "o critério tem de ser vacinar as pessoas cuja falta mais se sentiria no combate à pandemia, ponto final".
"O critério deve ser a utilidade de qualquer personalidade ou de qualquer cargo para o combate à pandemia, e não me parece que a classe política como um todo cumpra esses critérios", afirmou.
A primeira fase do plano de vacinação, até final de março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos.
Nesta fase serão igualmente vacinadas, a partir de fevereiro, pessoas de idade igual ou superior a 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.
A segunda fase arranca a partir de abril e inclui pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos de idade, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e outras doenças com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico.
Na terceira fase será vacinada a restante população, em data a determinar.
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