Luís Fazenda entrou hoje na campanha presidencial da candidata apoiada pelo BE, Marisa Matias, num comício virtual, difundido desde São João da Madeira, distrito de Aveiro, ao qual se juntou também o antigo deputado do PS Manuel Strecht Monteiro.
"A campanha da Marisa desafia o consenso marcelista das forças centrais, do sistema político, do regime constitucional em que vivemos e esse desafio é importantíssimo", defendeu o dirigente do Bloco de Esquerda.
Na perspetiva de Fazenda, "Marcelo Rebelo de Sousa é um candidato sem programa".
"Como vai agir Marcelo Rebelo de Sousa? Não sabemos. Haverá leituras, mas não sabemos, ou seja, mãos livres para enfrentar um segundo mandato", condenou.
A explicação para a ausência de programa do presidente recandidato, na perspetiva do antigo deputado do BE, é simples.
"Entende-se que seja um candidato sem programa porque se aprofundar um pouco esse programa provavelmente se encontrariam muitas divergências nesse eleitorado que foi posto ao molho entre o PS, o PSD e outras forças", disse.
Para Luís Fazenda, a candidatura de Marisa Matias "não é um desafio conjuntural e não é um desafio para marcar presença pontualmente num combate político", sendo um "desafio que tem a ver com a defesa da democracia política, do arco-íris das liberdades, da democracia económica e social".
O fundador do BE criticou o facto de alguns gostarem que "não houvesse um debate aprofundado" nem "um debate sério", mas sim "mais um pro-forma, um ritual de continuidade, de entronização de Marcelo Rebelo de Sousa como Presidente da República.
"Não é isso que nos interessa, embora entendamos que foi uma debilidade extrema do sistema político e das condições democráticas atuais em Portugal que o principal partido daquilo a que se denomina de esquerda se tenha demitido de apresentar uma candidatura da sua área política e tenha tido a conveniência de apoiar Marcelo Rebelo de Sousa e que o principal partido daquilo que se denomina chamar a direita em Portugal também abraçou a mesma confluência e a mesma convergência política", criticou.
A campanha da Marisa Matias, segundo o dirigente bloquista, "é clara na defesa de uma alternativa de poder, de projeto, de uma nova visão social e de uma nova ideia para a Europa".