"A informação que o Governo recebeu na quarta-feira, após reunião com epidemiologistas, foi considerada muito relevante e determinante para a decisão, tendo em conta o crescimento da variante britânica do novo coronavírus em Portugal", salientou a mesma fonte.
Com esta medida, o objetivo principal do Governo, "é isolar todo o sistema escolar", já que, "não havendo aulas, evita-se que as pessoas sejam forçadas a sair de casa".
Os pormenores das medidas de agravamento do confinamento geral serão comunicados hoje no final da reunião do Conselho de Ministros. António Costa deverá falar ao país pelas 13h00.
Na quarta-feira à noite, numa mensagem que publicou nas redes sociais, o primeiro-ministro referiu que o Governo vai analisar na quinta-feira as informações sobre a "alarmante progressão" da epidemia em Portugal, designadamente o crescimento da variante britânica do novo coronavírus, e "decidirá em conformidade" para "salvar vidas".
"Reuniremos o Conselho de Ministros, analisaremos todas estas informações e decidiremos em conformidade, com a certeza de que a nossa prioridade é salvar vidas e controlar a pandemia" escreveu António Costa.
Na sua mensagem, o líder do executivo referiu que, logo que chegou de Bruxelas, onde esteve com agenda no âmbito da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, reuniu-se
"de emergência com os ministros de Estado e da Presidência, da Saúde, da Educação e da Ciência e do Ensino Superior".
"Fizemos um ponto de situação sobre a alarmante propagação da pandemia em Portugal. E analisámos detalhadamente a relevante informação que os epidemiologistas partilharam hoje com o Governo, designadamente sobre o crescimento da variante britânica do vírus no nosso país", acrescentou o primeiro-ministro.
Também esta noite, em entrevista à RTP, a ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu que o Governo poderá agravar já na quinta-feira as medidas de combate à covid-19, estando em cima da mesa o encerramento das escolas.
"Há momentos, no regresso do primeiro-ministro de reuniões no exterior, fizemos uma reunião por `zoom´ e estivemos a discutir vária informação que hoje [quarta-feira], ao final da tarde, o grupo de peritos, de epidemiologistas e técnicos de saúde que habitualmente connosco reúne no Infarmed, nos transmitiu", afirmou Marta Temido na "Grande Entrevista" da RTP3.
Questionada se "em cima da mesa estava a possibilidade de fechar, de imediato, as escolas", a ministra da saúde respondeu que "sim".
Segundo Marta Temido, a reunião de quarta-feira com os epidemiologistas trouxe "algumas alterações" às estimativas anteriores, o que "obrigará a novas reflexões sobre medidas a tomar" para controlar a pandemia da covid-19.
"Essas medidas que foram acertadas entre alguns ministros como possíveis, amanhã [quinta-feira] serão discutidas em Conselho de Ministros e depois serão transmitidas pelo primeiro-ministro aos portugueses", afirmou Marta Temido.
Na terça-feira, durante o debate sobre política geral na Assembleia da República, António Costa admitiu a possibilidade de se proceder a um encerramento de escolas caso fique demonstrado que a variante inglesa do novo coronavírus, que é mais contagiosa, se está a tornar dominante nos estabelecimentos de ensino.
"Neste momento, estamos a bater-nos para manter as escolas abertas, já que sabemos o enorme custo social que representa fechá-las. Na quarta-feira [hoje], vamos iniciar uma campanha de testes rápidos em todas as escolas, tendo em vista reforçar a segurança", disse em resposta ao presidente do Grupo Parlamentar do PSD, Adão Silva.
Logo a seguir, no entanto, o líder do executivo advertiu que, "se esta semana se souber, por exemplo, que a estirpe inglesa se tornou dominante no país, então, muito provavelmente, terão mesmo de fechar as escolas".
Portugal registou na quarta-feira 219 mortes relacionadas com a covid-19 e 14.647 novos casos de infeção com o novo coronavírus, os valores mais elevados desde o início da pandemia, segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).
De acordo com o boletim da DGS, estão internadas 5.493 pessoas internadas, mais 202 do que na terça-feira, das quais 681 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais 11, dois valores que também representam novos máximos da fase pandémica.
O número de internamentos está a subir desde o dia 1 de janeiro, dia em que estavam 2.806 pessoas internadas.
Leia Também: Catástrofe? "Não está a acontecer, mas estamos próximos de que aconteça"