"Era uma decisão que era inevitável, incontornável, e, do meu ponto de vista, uma decisão positiva", sublinhou Telmo Correia, numa declaração nos Passos Perdidos, no parlamento.
Contudo, o centrista considerou que a alteração constante das medidas anunciadas na semana passada pelo executivo liderado pelo socialista António Costa levanta dúvidas sobre a eficácia no combate à pandemia.
"A preocupação que nos fica é que o Governo está completamente desnorteado", acrescentou, uma vez que "ora faz uma coisa, ora diz o contrário".
Telmo Correia recordou que na terça-feira, durante o primeiro debate de política geral na Assembleia da República com o primeiro-ministro, António Costa, com um "tom assertivo, quase que arrogante", garantiu que "não havia nenhuma necessidade de fechar as escolas, porque só havia problemas em 13 e porque as perdas seriam inqualificáveis para o ensino".
Dois dias depois e face ao elevadíssimo aumento no número de contágios e de óbitos associados ao SARS-CoV-2, o chefe do Governo anunciou o encerramento das escolas de todos os níveis de ensino, a partir de sexta-feira, durante 15 dias.
O líder da bancada parlamentar centrista advogou que o partido já tinha exortado o Governo para o encerramento das escolas, dada a situação "absolutamente dramática", mas o executivo só agora "conclui o óbvio".
"De facto, para nós o que é importante é que se consiga ultrapassar este momento. Não temos outra preocupação. Estou de acordo que este não é o momento para alimentar sempre polémicas partidárias", comentou Telmo Correia.
Contudo, a sensação que dá é que, "ou os especialistas não estão a trabalhar, ou o Governo não tem informação diária dos especialistas, ou teria acontecido qualquer coisa de muito estranho" para o Governo decidir hoje aquilo que os centristas, e não só, defendiam há algum tempo.
"Quando a gestão [da pandemia] é errada, temos de o assinalar", completou.
Portugal contabilizou hoje 221 mortes associadas à covid-19, o maior número de óbitos diários desde o início da pandemia, e 13.544 infeções, de acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Direção-Geral da Saúde (DGS).
O número de contágios ativos é o mais elevado até agora. Há hoje 151.226 infeções ativas no país, mais 7.450 do que nas últimas 24 horas.
Em Portugal já morreram 9.686 pessoas por causa do SARS-CoV-2 e 595.149 pessoas ficaram infetadas.
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