Jerónimo de Sousa defendeu que o contexto da pandemia de covid-19 está a ser aproveitado para "agravar a exploração" e "impor uma situação de exceção, adiar eleições, alterar leis eleitorais e rever a própria Constituição", por parte de "PSD e sucedâneos", ao mesmo tempo que o Governo PS falha em "respostas e medidas".
"Nestes últimos tempos e a pretexto da epidemia e de uma falsa invocação de saúde pública assistimos a novas manobras das forças de direita e reacionárias, com a tentativa de impor uma situação de exceção, adiar as eleições, alterar as leis eleitorais e rever a própria Constituição", declarou, na cerimónia de homenagem a Jaime Serra, na Casa do Alentejo, Lisboa.
Segundo o líder do PCP, "os recentes ataques promovidos pelos tradicionais partidos de direita, como o PSD, a que se juntam as pretensões de novos partidos seus sucedâneos, mostram que se renovam os velhos desígnios de subversão dos valores de Abril".
"Uma retoma da ofensiva que ocorre em paralelo com uma premeditada e concertada ação de criação do caldo de cultura social onde fervilha a suspeição generalizada sobre a política, os políticos e o próprio regime democrático e se assiste ao fomento de medos irracionais, da banalização da violência, de tensões racistas, xenófobas (...), de recrudescimento da retórica anticomunista, tudo servido em doses maciças pelos grandes meios de comunicação social ligados ao grande capital", lamentou.
Jerónimo de Sousa descreveu Portugal marcado pela "degradação da situação económica e social" e "que não encontra da parte do Governo do PS as respostas e medidas que a situação impõe -- e que as forças e setores reacionários procuram instrumentalizar a seu favor".
Sobre o histórico combatente antifascista, o secretário-geral comunista exaltou os seus feitos durante o fascismo do Estado Novo e a "intensa atividade" em "todas as fases da edificação da democracia".
Jaime Serra, operário no Arsenal do Alfeite até entrar na clandestinidade, protagonizou diversas fugas audaciosas das prisões do regime do ditador Salazar e dirigiu a Ação Revolucionária Armada (ARA - organização do PCP que levou a cabo vários atentados de boicote ao Estado Novo).
O mais velho deputado à Constituinte vivo esteve também na lendária fuga do forte de Peniche, em janeiro de 1960, juntamente com Álvaro Cunhal, Carlos Costa, Francisco Martins Rodrigues, Francisco Miguel, Guilherme da Costa Carvalho, Joaquim Gomes, José Carlos, Pedro Soares e Rogério de Carvalho.
Após a revolução do 25 de Abril, além de diversos mandatos como deputado, Jaime Serra continuou no Comité Central do PCP, foi membro da Comissão Política, da Comissão Central de Controlo e Quadros, da Comissão Central de Controlo e da Comissão Administrativa e Financeira.
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