Francisco Ramos demitiu-se e partidos não faltaram à chamada das reações

Esquerda pede esclarecimentos sobre a situação e apela para que demissão não prejudique processo de vacinação. Já à direita do PS, o motivo da demissão do ex-coordenador da 'task force' não convenceu, e presença militar foi pedida.

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Mafalda Tello Silva
04/02/2021 09:10 ‧ 04/02/2021 por Mafalda Tello Silva

Política

Covid-19

O coordenador da 'task force' para o plano de vacinação contra a Covid-19 em Portugal, Francisco Ramos, demitiu-se, ontem, do cargo, devido a "irregularidades detetadas pelo próprio no processo de seleção de profissionais de saúde no Hospital da Cruz Vermelha Portuguesa, do qual é presidente da comissão executiva", sendo agora substituído pelo vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

Num momento em que Portugal se prepara para iniciar a fase de vacinação contra o novo vírus à população em geral, a demissão não passou em branco no espaço político.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, a deputada comunista Paula Santos sublinhou que o partido espera que "este acontecimento não constitua aqui um obstáculo agora para o prosseguimento do plano de vacinação".

"Essa é que é a prioridade, que isto não constitua agora aqui uma dificuldade na concretização do plano de vacinação e que o plano de vacinação possa decorrer e que possa inclusivamente ser acelerado, mantendo naturalmente as prioridades em função dos grupos de risco", acrescentou.

Já para o Bloco de Esquerda, segundo o deputado Moisés Ferreira, o Ministério da Saúde e o ex-coordenador vão ter de prestar mais esclarecimentos sobre a demissão, sendo, contudo, neste momento, prioritário que "a vacinação continue, que os critérios são claros, que são respeitados e que qualquer abuso que exista seja penalizado".

Perto da posição bloquista, a deputada do PAN Bebiana Cunha exigiu também "um cabal esclarecimento por parte do Governo" sobre a demissão e mostrou-se preocupada também com "as alegadas irregularidades [na vacinação] que têm acontecido um pouco por todo o país".

Em declarações também no Parlamento, a deputada do PS Sónia Fertuzinhos defendeu as escolhas do Governo e assegurou aos cidadãos portugueses, a propósito da demissão, que "podem ter confiança" no atual Plano de Vacinação contra a Covid-19, frisando que o trabalho "está a ser feito com rigor".

"[O Plano de Vacinação contra a Covid-19] está a decorrer ao ritmo previsto, tendo em conta o ritmo a que as vacinas vão chegando da União Europeia", insistiu.

Já à direita dos socialistas, o líder do PSD, Rui Rio disse duvidar dos motivos apontados pelo coordenador da 'task force' no âmbito da sua demissão: "[Ele] demite-se porque na tutela dele aconteceram irregularidades na Cruz Vermelha. Então, demitia-se era na Cruz Vermelha e não na Task Force. O facto de se demitir da Task Force indica que os problemas estarão na Task Force e não exatamente naquilo que ele alega".

O dirigente social-democrata aproveitou ainda o momento para dizer que espera agora que o Governo aproveite esta oportunidade para "desenhar uma Task Force que assente em população com formação para o que tem de se fazer agora", e que envolve "conhecimento e know-how de logística".

Com os mesmos argumentos, o CDS manifestou "estranheza" pelos motivos alegados pelo coordenador da Task Force para o Plano de Vacinação contra a Covid-19 para a sua demissão, e propôs que as Forças Armadas ficassem responsáveis pelo processo.

"Vamos assumir que sim, que foi essa a razão que o levou a esta demissão, mas não somos ingénuos", comentou Ana Rita Bessa, questionando se "não faria mais sentido demitir-se desse cargo na Cruz Vermelha também, ou para começar".

A Iniciativa Liberal defendeu que Francisco Ramos "já sai tarde" da coordenação da 'task force', considerando que a "incompetência e desfaçatez já deviam ter tido consequências".

"Não conseguir definir e controlar os critérios de vacinação no próprio Hospital a que preside é só mais uma evidência da sua desadequação ao cargo. Fica, aliás, por saber se tal fracasso não justifica, também, o seu afastamento do Hospital da Cruz Vermelha", criticou a Iniciativa Liberal numa posição oficial enviada às redações.

Por fim, o líder do Chega afirmou que o ex-coordenador "poupou-se à vergonha" ao demitir-se e pediu ao Governo socialista que fosse nomeado um substituto não pelo cartão de militante, mas pela competência.

"Portugal precisa de alguém credível, isento e objetivo. Não me cabe ter nomes em mente. É ao Governo que o cabe fazer. Agora, apelamos a que não seja nomeado ou escolhido alguém pelo cartão de militante, mas sim pela competência, serenidade e moderação", declarou André Ventura, no Parlamento.

Saliente-se que, ainda ontem, o Governo anunciou que o vice-almirante Henrique Gouveia e Melo é o novo coordenador da Task Force para o plano de vacinação contra a Covid-19, substituindo assim Francisco Ramos.

Leia Também: Francisco George demarca Cruz Vermelha da demissão de coordenador

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