O presidente do CDS criticou severamente, esta terça-feira, as situações que têm sido reportadas de uso indevido de doses de vacinas contra o novo coronavírus no país.
Defendendo "critérios claros" no processo de vacinação, Francisco Rodrigues dos Santos afirmou que estes casos de irregularidades têm de impedidos.
"Este clima de desconfiança, em que tudo parece uma república das bananas, em as vacinas que sobram podem ser dadas à pessoa que tem um café ao lado ou ao vizinho do edifício onde está a correr a vacinação, tem de acabar", vincou, em declarações aos jornalistas, no Parlamento, após ter estado reunido com o Presidente da República a propósito da renovação do Estado de Emergência.
Para o dirigente centrista, a questão é simples: "Quando é aberto um lote de vacinas tem de haver uma segurança, designadamente, de que todas [as doses] vão ser administradas".
Ainda sobre esta matéria, Rodrigues dos Santos considerou que "não é tolerável que um bem tão escasso e finito como uma vacina possa ser desperdiçado", garantindo que milhares de doses já foram perdidas.
"O que tem acontecido neste início do plano é que foram deitadas para o lixo milhares de vacinas que podiam ter sido utilizadas para colocar portugueses a salvo", disse.
O líder do CDS defendeu também que é preciso "testar mais e rastrear melhor". Lembrando as informações apresentadas esta manhã na reunião no Infamed, Rodrigues dos Santos apelou ao Governo que apostasse num "plano massivo de testagem para identificar os infetados" por Covid-19.
"Mais, não podemos esperar em média seis dias para identificar as cadeias de transmissão. Estas duas funções [testar e rastrear] podiam e deveriam ser feitas pelas nossas Forças Armadas", acrescentou.
O presidente centrista também referiu que o "Sistema Nacional de Saúde precisa de ajuda está de mãos e pés atados" e que a contratualização do setor particular e social "é hoje mais do que nunca urgente" do nunca, tanto para os doentes Covid, mas, sobretudo, para os doentes não Covid.
"Os doentes não Covid são vítimas colaterais desta pandemia, não têm acesso a uma consulta, a uma cirurgia, sendo que muitos deles acabam por morrer sem cuidados médicos", denotou, frisando a importância da necessidade de criar "a tal via verde na saúde, que o CDS defende há muito tempo".
"CDS votará favoravelmente o Estado de Emergência"
Por fim, quanto ao prolongamento do atual confinamento, Rodrigues dos Santos mostrou-se favorável, considerando os atrasos na vacinação, que estão a adiar a imunidade de grupo.
"Parece-me evidente que temos de manter um confinamento para que baixemos o número de infetados e, sobretudo, o número de mortos e de pessoas internadas nos cuidados intensivos", justificou.
Assim, o dirigente do CDS declarou: "O CDS votará favoravelmente o Estado de Emergência porque entendemos que a pandemia continua descontrolada e são necessárias medidas restritivas para podermos salvar vidas e impedir que mais portugueses sofram às mãos deste vírus".
Sobre a estimativa do Governo de que o nível de confinamento atual vai manter-se até meados de março, o líder apontou que o CDS "fará sempre uma avaliação a cada 15 dias" da "situação epidemiológica", e pronunciar-se-á "sobre a necessidade ou não de haver uma renovação do confinamento".
"Para já, parece evidente que isso tem de acontecer", defendeu Rodrigues dos Santos.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai ouvir os nove partidos com assento parlamentar, por videoconferência, entre hoje e quarta-feira sobre a renovação do Estado de Emergência.
O atual período de Estado de Emergência para permitir medidas de contenção da covid-19 termina às 23h59 do próximo domingo, 14 de fevereiro, e foi aprovado no Parlamento com votos favoráveis de PS, PSD, CDS-PP e PAN, abstenção do BE e votos contra de PCP, PEV, Chega e Iniciativa Liberal.
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