O ex-ministro da Segurança e da Segurança Social defendeu, esta terça-feira na antena da SIC, que a governabilidade do país, neste momento, tem como prioridade "concentrar os recursos naquilo que é fundamental que é vencer esta batalha".
"Uma batalha muito dura e, em muitos aspetos, ainda incerta, numa crise que não tem paralelo na nossa história recente", frisou, referindo-se à pandemia da Covid-19.
Vieira da Silva está ciente que se trata de uma batalha que tem danos - "primeiro que tudo" para os doentes, para as famílias, para os serviços públicos, para as empresas e para a economia -, mas é justamente neste contexto exigente que a estabilidade governativa mais importa.
"Há aqui danos colaterais que são muito pesados e que serão, nalguns casos, longos", afirmou, defendendo que "governar o país não é apenas quando as coisas são mais fáceis ou correm bem". "É principalmente importante a governabilidade e a estabilidade governativa quando vivemos uma situação tão incerta e tão exigente como aquela que estamos a viver", asseverou.
O ex-governante socialista lembrou que, normalmente, da experiência histórica que existe, as crises foram sempre provocadas por um acontecimento interno à economia. Desta vez, não foi isso que se passou: A crise da Covid-19 "é uma espécie de inimigo externo, é quase um alien que atacou os fundamentos do funcionamento da nossa sociedade e da nossa economia", considerou.
Sobre eventuais crises políticas, Vieira da Silva subscreveu a posição de Marcelo afirmando que a leitura do Presidente da República é "muito equilibrada" e de "bom senso".
Neste aspeto, o ex-ministro defendeu que "precisamos de olhar para o mundo e perceber se o mundo não evolui positivamente no combate a esta crise, muito mais difícil será para nós sair dela", alertando que "quem for responsabilizado por uma crise política vai pagar um preço muito caro e paga o país todo, que é o mais grave".
Todavia, um cenário de crise política no país não se afigura como provável. Para Vieira da Silva, aliás, essa não é uma hipótese, "precisamente porque os portugueses têm essa noção e porque as forças políticas também têm a perceção do que pensam os portugueses e não vão, decerto, acrescentar problemas à imensidão de problemas que temos de ir resolvendo". Alguns dos problemas, assinalou, "não dependem de todos nós, dependem de uma conjuntura externa muito exigente".
Apesar da complexidade do momento, a vacina contra a Covid-19 "veio trazer um horizonte de expectativa positiva", afirmou.
"Se, como todos esperamos, avançar rapidamente o processo de vacinação e se for eficaz, se não aparecerem novas estirpes resistentes à vacina, imediatamente haverá uma mudança no clima económico , social e político", previu. Já a rapidez com que isso dará resultados ninguém sabe muito bem, acrescentou.
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