Em declarações aos jornalistas no parlamento, no final de uma audiência com o Presidente da República por videoconferência, André Ventura confirmou, tal como já tinha feito a Iniciativa Liberal, que Marcelo Rebelo de Sousa pretende manter inalterado o decreto de renovação do estado de emergência para os próximos quinze dias.
O deputado do Chega disse não ter expectativa que o Governo possa alterar as medidas relativas ao confinamento - salientando que o executivo nem sequer usou da palavra na reunião de terça-feira com especialistas no Infarmed -, mas considerou que tal seria essencial.
"O Chega vai manter o sentido de voto caso não sejam dados estes sinais de uma reabertura faseada. Se forem dados, admitimos viabilizar este estado de emergência, se a lógica for manter tudo fechado voltaremos a votar contra, porque consideramos que este confinamento está a destruir mais do que a ajudar", afirmou.
André Ventura defendeu, por um lado, que o Governo deveria - tal como foi pedido pelo chefe de Estado há quinze dias - apresentar um plano de reabertura das escolas, considerando que "os pais não podem estar em casa sem saber o que vai acontecer".
"O que temos tido é versões contraditórias de ministros e isto tem dado o pior sinal político ao país", afirmou.
Por outro lado, o deputado e presidente do Chega considerou que, apesar de os especialistas do Infarmed ainda não terem consensualizado critérios para um desconfinamento, "o país tem de começar este processo".
"Parece-nos errado esperar pela Páscoa para fazer um desconfinamento absoluto e total, parece-nos razoável começar por um desconfinamento gradual, que pode incluir lojas de menor dimensão, cafés e restaurantes fora dos centros comerciais e algumas empresas de serviços, como cabeleireiros. Parece-nos que é um sinal político que tem de ser dado", defendeu.
André Ventura alertou que, se o país continuar totalmente fechado, os custos sociais e económicos vão ser ainda maiores.
"Continuar nisto é um absurdo, é ser masoquista e vamos todos pagar por isto", disse, alertando que "vai haver um momento em que vai faltar a comida na mesa e o dinheiro na carteira".
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ouve hoje a IL, Chega, PEV, PAN, CDS-PP e PCP sobre a renovação do estado de emergência, em audiências por videoconferência, a partir das 14:30.
Na quarta-feira será a vez do BE, PSD e PS e, um dia depois, o parlamento reúne-se para debater e aprovar a provável renovação do estado de emergência, que terá efeitos entre 02 e 16 de março e será a 12.ª declaração na atual conjuntura de pandemia de covid-19.
O atual período termina às 23:59 da próxima segunda-feira, 01 de março.
Em Portugal, já morreram mais de 16 mil doentes com covid-19 e foram contabilizados até agora mais de 799 mil casos de infeção com o novo coronavírus que provoca esta doença, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.