Autarcas de Viseu destacam "marca indelével" de Jorge Coelho na região

Jorge Coelho foi um cidadão que "deixa uma marca indelével" na região e no país, escreveram hoje presidentes de Câmara do distrito de Viseu, ao qual pertence Mangualde, origem do antigo governante, que morreu na quarta-feira.

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Lusa
08/04/2021 20:53 ‧ 08/04/2021 por Lusa

Política

Óbito

"Um grande admirador e divulgador da vida e obra do nosso conterrâneo mestre Aquilino Ribeiro. Sernancelhe presta a sua homenagem ao governante, ao empresário e ao cidadão que deixa uma marca indelével no país e na região", escreve o presidente da Câmara de Sernancelhe, numa nota divulgada no "site" da autarquia.

Carlos Silva Santiago acrescenta que "não será esquecido o momento e a honra" que concedeu a Sernancelhe quando aceitou "assinar a nota de introdução da última reedição de "Cinco Réis de Gente", bem como a sua presença na apresentação pública da obra, na tarde de 17 de setembro de 2016, no Pátio Aquilino Ribeiro, no Carregal, a terra natal de Aquilino Ribeiro".

"Ficámos então a conhecer um admirador de Mestre Aquilino, um devoto da sua obra, um divulgador das terras e das gentes beirãs, e um homem de causas, de convicções e de liberdade", destaca o autarca que apresenta "o mais sentido pesar a toda a família e amigos".

Sentimentos partilhados por o presidente de Carregal do Sal que destaca a "ilustre personalidade do panorama político regional e nacional" de Jorge Coelho que "dedicou grande parte da sua vida à política, onde começou em 1969 e a que se entregou até 2008".

"Defendeu afincadamente a coesão territorial do país com uma perspicácia e entusiasmo peculiares que lhe valeram a conquista de inúmeras amizades", escreve Rogério Mota Abrantes.

O presidente de Nelas, concelho vizinho de Mangualde, refere a "ilustre personalidade" do empresário, "um exemplo da participação cívica e política em Portugal e referência na defesa da coesão territorial".

"Um político de valores e de causas, um acérrimo defensor do seu país, sempre com o seu concelho de Mangualde e esta região no coração. É, assim, mais uma perda irreparável para a nossa região e o país", escreve José Borges da Silva, numa nota publicada na página da autarquia na Internet.

A Câmara de Mangualde decretou três dias de luto municipal, a partir de hoje e até sábado, dia da cerimónia fúnebre que acontece no concelho, na freguesia de Santiago de Cassurrães, onde ficará depositado em jazigo familiar.

"Um mangualdense ilustre, (...) político, gestor e empresário, defensor e embaixador do concelho de Mangualde e da região interior, onde fundou a Queijaria Vale da Estrela, demonstrando o carinho e apreço pela sua cidade e pelos seus conterrâneos", refere a nota de imprensa.

Jorge Paulo Sacadura Almeida Coelho, ministro nos dois governos liderados por António Guterres (1995/2002), faleceu aos 66 anos, na Figueira da Foz, vítima de ataque cardíaco fulminante.

Jorge Coelho iniciou-se na atividade política pela extrema-esquerda, tendo militado em movimentos como os Comités Comunistas Revolucionários Marxistas-Leninistas (CCR-ML) e Partido Comunista Reconstruído PC(R), que mais tarde deu origem à formação da UDP (União Democrática Popular).

Filiou-se no PS em 1983, esteve em Macau entre 1986 e 1991 e, no início da década de 90, iniciou uma intensa colaboração política com António Guterres, que chegou ao cargo de secretário-geral dos socialistas em janeiro de 1992.

O conhecimento das estruturas do PS valeu a Jorge Coelho a designação de "homem da máquina" ou "homem do aparelho". Na sequência do triunfo do PS nas eleições legislativas de 1995, foi ministro Adjunto, da Administração Interna e, depois, da Presidência e do Equipamento Social até 2001.

Há 20 anos, após a queda da ponte de Entre-os-Rios, na noite de 04 de março de 2001, onde morreram 59 pessoas, Jorge Coelho assumiu as responsabilidades políticas pelo sucedido e - num gesto raro na política portuguesa - demitiu-se de imediato de ministro da Presidência e do Equipamento Social, com a tutela sobre as pontes, numa conferência de imprensa realizada madrugada dentro.

Jorge Coelho esteve na primeira linha da campanha socialista para as legislativas de 2005, em que José Sócrates alcançou para o PS a primeira e única maioria absoluta, mas não integrou o Governo que resultou desse ato eleitoral, nem permaneceu como deputado na Assembleia da República.

Depois disso, afastou-se da política ativa para se dedicar à vida empresarial e, anos mais tarde, foi presidente da Comissão Executiva da Mota-Engil (2008/2013), que deixou depois para abrir uma fábrica de queijo, na sua terra natal, Mangualde, a Queijaria Vale da Serra.

Leia Também: Velório de Jorge Coelho amanhã em Lisboa e funeral no sábado em Mangualde

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