"Um cata-vento tem uma grande vantagem sobre o dr. Rui Rio: é que um cata-vento ao menos tem pontos cardeais, o dr. Rui Rio não tem", afirmou o líder socialista e primeiro-ministro em entrevista ao DN, JN e TSF, publicada hoje na revista Notícias Magazine.
A propósito da possibilidade de existir um acordo na justiça entre os dois maiores partidos, o secretário-geral do PS faz duras críticas ao líder social-democrata, afirmando que "desistiu de disputar o centro com o PS e a única coisa que agora quer disputar é ali 2 ou 3% dos votos com o Chega", tendo feito um acordo nos Açores e "já importou uma senhora para candidata à Câmara da Amadora", Suzana Garcia.
E, ainda no capítulo da justiça, Costa acusou Rio de "meter os princípios na gaveta" no processo de Tancos, que envolve o ex-ministro da Defesa Azeredo Lopes, ao fazer "julgamento de tabacaria" durante uma campanha eleitoral porque "dava-lhe jeito para ganhar votos".
"Os princípios não se metem na gaveta, praticam-se mesmo quando são difíceis", afirmou.
O primeiro-ministro afirmou ainda que fica "um bocado perplexo com a facilidade com que alguns políticos comentam as decisões judiciais como os adeptos de um clube de futebol comentam a atuação de um árbitro e gostam da decisão se é [a favor] do seu clube e não gostam se não é".
"Os juízes e as magistraturas não são árbitros de futebol e os políticos não estão perante os tribunais como os adeptos de um clube estão perante um árbitro. Essa degradação do distanciamento da relação dos políticos com a Justiça é uma ameaça perigosa à independência do poder judicial", disse.
António Costa considera uma "ameaça efetiva" algumas das propostas de Rio na área da Justiça.
Ainda segundo o líder do PS, Rio "apareceu na liderança do PSD como querendo disputar o centro ao PS e agora já está naquela fase de disputar a direita ao Chega".
"E muito mais perigoso do que o Chega é a contaminação do PSD pelas ideias do Chega. E essa contaminação surge quer no estilo de intervenção política, quer no conjunto de propostas que apresenta, quer nesta incoerência onde se diz tudo o que é popular", acrescentou.
Outro perigo que identificou "nestes partidos de extrema-direita, é que vão-se infiltrando, não é organicamente, mas vão condicionando politicamente os partidos da direita democrática".
[Notícia atualizada às 11h53]
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