O secretário-geral do PCP criticou, este domingo, aquilo que considera ser "a propaganda acerca do êxito da vacinação" contra a Covid-19 na União Europeia - e que se estende a Portugal - "para justificar as opções erradas da política de aquisição das vacinas".
Num discurso durante a XIII Assembleia da Organização Regional do Porto, Jerónimo de Sousa considerou que o comissário europeu do mercado interno fez "proclamações pomposas" ao afirmar que a UE vai alcançar a imunidade de grupo antes do Reino Unido e até mesmo antes dos americanos. "Por cá, não temos sequer um terço da população vacinada, e a que temos, na maioria dos casos, é com a primeira dose", lembrou.
"Entretanto, lá estavam as televisões a filmar a vacina 3 milhões para confirmar o enorme êxito da vacinação em Portugal. Não, não é de propaganda que precisamos, precisamos é de mais vacinas, indo buscá-las onde existem, como já fizeram alguns daqueles que estão sempre a impor aos outros orientações que depois os próprios não assumem", atirou o secretário-geral do PCP.
Neste discurso, o líder comunista argumentou ainda que não basta o Executivo anunciar que o Estado de Emergência não será renovado. "O que é preciso é que as restrições a direitos, à vida e às atividades não se mantenham com recurso a outras figuras como aquela que o Governo decretou", disse, referindo-se à situação de calamidade, que entrou em vigor este sábado.
Jerónimo de Sousa defendeu que "o país precisa de desconfinar, antecipando os atuais prazos que garantem a imunidade coletiva e impedir o seu arrastamento" e que "precisamos do país a trabalhar em pleno e em segurança".
Mas, para isso, exige-se "mais vacinação, mais rastreio, mais testagem, buscando outras soluções que não apenas as impostas pela UE". "Sim, Portugal precisa de recuperar os níveis urgentemente de produção, dos emprego, dos salários (...) e de inverter uma situação já marcada pela recessão económica", disse.
Antes, o secretário-geral do PCP lamentou que a economia ande para trás e que, paralelamente, os dividendos das grandes empresas, distribuídos maioritariamente aos acionistas, não parem de subir.
Mais, "se não fosse a luta e a movimentação coletiva dos trabalhadores que atenuou e conteve muitas das graves situações da ofensiva e a situação seria outra, com consequências mais sombrias", afirmou, fazendo ainda referência às lutas da CGTP sem as quais "o desemprego, a desvalorização salarial, o ataque aos direitos teria outra dimensão".
E chamando ao partido os louros de algumas conquistas durante a pandemia, disse: "É justo que se recorde, se não fosse a ação do PCP, a situação seria mais grave do que aquela que se apresenta". Jerónimo referia-se, nomeadamente, ao pagamento dos salário a 100% a mais de 280 mil trabalhadores em lay-off, à renovação do subsídio de desemprego por mais 6 meses a mais de 40 mil trabalhadores, à contratação de milhares de trabalhadores e ao reconhecimento direitos aos pais em teletrabalho.
Para o líder comunista, a par do combate à pandemia, o país enfrenta também uma "inquietante da evolução da situação económica e social que exige urgente superação". Na sua ótica, o país "andou para trás" e "os crónicos problemas que enfrenta - acumulados por décadas de política de direita de sucessivos governos de PSD, CDS e PS - estão hoje mais agravados". Pede por isso "respostas urgentes em vários domínios".
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