A confissão foi deixada por André Ventura no final de um discurso no III Congresso Nacional, em Coimbra, em que relativizou as divisões internas no partido, dizendo tratar-se de "dores de crescimento", e em que prometeu ser "expressão pura do Portugal de bem".
"Só tenho um único sonho, uma única obsessão que é levarmos ao governo de Portugal, para transformar de vez a face deste país", afirmou Ventura, já aos gritos, com uma música orquestral em fundo, com os delegados a aplaudi-lo, alguns de pé, depois de ter falado durante 27 minutos para apresentar a sua moção de estratégia global.
Num congresso em que têm sido públicas as críticas entre delegados e dirigentes, o presidente e deputado do Chega relativizou o problema, dizendo tratar-se de "dores de crescimento".
"Não me preocupam as divisões e disputas", disse, para quem são a "prova de um partido que quer crescer", embora também tenha admitido que "sem disputa ideológicas" o "partido seria muito melhor".
Um dos temas que dividiu a discussão interna foi a revisão do programa do partido que, anunciou Ventura, será decidido na primeira reunião do conselho nacional após o congresso.
Apesar de, desta vez, não ter citado as sondagens que colocam o partido mais à direita no parlamento em terceiro ou quarto lugar, Ventura disse acreditar na importância do Chega: "Passámos de dispensáveis em democracia a indispensáveis em democracia."
Deu, porém, o exemplo do resultado do partido nos Açores, onde elegeu dois deputados e está a dar apoio a um Governo de direita liderado pelo PSD para dizer: "Remetemos para o lixo da História um governo socialista que tinha 25 anos nos Açores."
A quem, devido ao discurso de sexta-feira, afirmou que o líder do Chega está "megalómano" por achar que um partido "com dois anos e meio" pode ser governo, respondeu que o partido "é o novo sol de Portugal".
É "imparável" por achar que leva "António Costa às cordas" no debate político, ao contrário do que diz acontecer com PSD e CDS, e porque não "tem medo de não ser politicamente incorreto".
À direita, PSD e CDS, estranhou o silêncio quando se fala no combate à corrupção e criticou a estratégia do Governo que, segundo ele, pretende "perdoar penas aos corruptos que confessam".
E atacou as políticas do Governo, por apoiar o pagamento de medicamentos a imigrantes, e "esquecer" os portugueses que "vivem nas ruas e não conseguem pagar os seus medicamentos".
Por ele, André Ventura, e pelo Chega, afirmou, o primeiro-ministro, António Costa já estaria numa "cadeira dourada" na Europa.
Apesar de concordar com uma separação entre política e religião, admitiu que "cada um nasce para o que nasce"
"E eu acredito que Deus me colocou neste lugar neste momento", disse.
No seu discurso, o líder confirmou a saída de três vice-presidentes, em nome da renovação, Diogo Pacheco do Amorim, Nuno Afonso e José Dias.
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