Catarina Martins critica "ideia do permanente anúncio" do Governo
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, argumentou hoje que "um dos principais problemas das crises" que o país vive é "esta ideia do permanente anúncio" pelo Governo, mas "sem que a medida tenha concretização".
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Política Covid-19
"Um dos principais problemas na crise que estamos a viver, bem, eu diria das crises que estamos a viver, porque elas acumulam-se, é esta ideia do permanente anúncio, sem que a medida tenha concretização", criticou, em Évora.
Ao intervir na sessão de apresentação da candidatura do BE aos órgãos autárquicos deste concelho alentejano, nas eleições autárquicas deste ano, Catarina Martins aludiu ao Plano de Recuperação de Aprendizagens do Governo.
O "Plano 21|23 Escola +", para a recuperação das aprendizagens afetadas durante os últimos dois anos letivos pelo confinamento devido à pandemia da covid-19, em que os alunos estiveram em regime de ensino a distância, foi hoje apresentado pelo primeiro-ministro, António Costa, e pelo ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, na Amadora.
"Os professores que estavam a ouvir o anúncio do senhor ministro da Educação e do senhor primeiro-ministro terão pensado: Mas isto começa quando" e "quando é que nós vamos ter os meios", questionou a coordenadora do BE.
Porque, segundo Catarina Martins, no confinamento, "os computadores, em muitos casos, chegaram quando a escola voltou a ser presencial" e "os 3.000 professores já tinham sido anunciados no início do ano letivo e não chegaram".
Por isso, "quando é que chegam os meios? E será que desta vez é que é?", insistiu, frisando que o que o BE quer é "garantir que "desta vez é que é".
E isso só acontece, ou seja, uma efetiva "política para a escola pública com uma reposta à crise, às crises que vivemos, se tivermos uma esquerda firme e forte", sendo esse um dos objetivos pelos quais o partido disputa das eleições autárquicas deste ano, afiançou.
A coordenadora "bloquista" reconheceu "as dificuldades" e "os dois anos letivos tão difíceis" vividos com a pandemia de covid-19, "em que as crianças e os jovens ficaram fechados dentro de paredes e ficaram fechados em ecrãs horas demais, isolados demais".
"Mas, na verdade, quando falamos com professores, sabemos que mais do que estar a pensar 'a régua e esquadro' qual foi a aprendizagem que ficou para trás", existe "uma preocupação muito grande sobre o bem-estar, as condições de desenvolvimento, a confiança das crianças e dos jovens", destacou.
E, perante o plano apresentado hoje pelo Governo, "prometendo mais meios, mais dinheiro, mais recursos para as escolas, e seguramente que precisam, temos de nos perguntar se estes 3.000 professores mais são os mesmos que foram anunciados no início do ano letivo e que ainda não chegaram às escolas", insistiu.
"Temos que nos perguntar se, a três meses do início do ano letivo, este anúncio terá algum impacto concreto no ano letivo" e como é que "se pode pedir a escolas que não tiveram reforço de meios durante todo este tempo para organizarem tudo isto em três meses".
Segundo Catarina Martins, "é por isso que, mais do que anúncios, é bem tempo" para responder "à vida das crianças, dos jovens, das escolas com medidas concretas".
No âmbito do "Plano 21|23 Escola +", de caráter plurianual, o Governo vai investir um total de cerca de 900 milhões de euros, que incluem 140 milhões para o reforço de recursos humanos nas escolas, 43,5 milhões para a formação dos professores e não docentes, 47,3 milhões para o aumento dos recursos digitais e 670 milhões para a modernização dos equipamentos e infraestruturas das escolas, foi anunciado pelo executivo.
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