O Parlamento Europeu aprovou hoje a adoção do certificado digital Covid-19, que permitirá aos cidadãos comunitários já vacinados, recuperados de uma infeção ou testados viajar sem restrições dentro da União Europeia a partir de 1 de julho.
"É extraordinário que Portugal, que é um dos países em que o turismo tem maior significado e que já registou mais de cem mil postos de trabalho perdidos na área, não tenha ainda a funcionar esse certificado, não obstante estarmos na presidência portuguesa [da União Europeia]", afirmou o deputado Cristóvão Norte, em declarações aos jornalistas no parlamento.
O deputado sublinhou que nove países do espaço comunitário já estão a "emitir e validar certificados", abrangendo cerca de "um milhão de pessoas".
"Exigimos que o Governo, o mais rapidamente possível, coloque todas as energias para que esta peça fundamental para garantir a normalização dos fluxos turísticos entre rapidamente em vigor, sob pena de estarmos a desproteger famílias e empresas e a prejudicar a recuperação do país", apelou.
O primeiro-ministro português, António Costa, manifestou-se hoje "muitíssimo satisfeito" com a aprovação do certificado digital Covid-19, "uma das prioridades" da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, sublinhando, contudo, que é uma ferramenta e não "uma varinha mágica".
O período experimental do certificado começa na próxima semana, revelou o primeiro-ministro, estando neste momento criadas "as condições tecnológicas", que "já foram todas testadas com a Comissão Europeia".
"Vamos começar a testar em escala a sério na próxima semana. Oficialmente, só entra em vigor no dia 1 de julho, mas até lá vamos começar a preparar, porque todos sabemos que, muitas vezes, nestas aplicações tecnológicas uma coisa é desenhá-las, outra coisa é pô-las em prática", declarou Costa.
Questionado sobre estas garantias do primeiro-ministro, o deputado do PSD reiterou que o certificado "já entrou em vigor" em nove países e que, dos 31 que manifestaram vontade de aderir, 26 já tinham "ultrapassado a fase de ensaios".
"Se o senhor primeiro-ministro vem dizer que ainda estão na fase de ensaios para verificação, significa que estamos na cauda da Europa numa ferramenta que é muito mais importante para nós do que para os demais países", afirmou.
O deputado do PSD alertou ainda para "uma tese perniciosa" que está a ser difundida para justificar a retirada de Portugal da lista verde do turismo do Reino Unido, relacionada com uma variante nepalesa do novo coronavírus, com muitos poucos casos no país.
"A questão tem de ser travada no domínio internacional, o país não pode admitir que uma tese tão perniciosa faça o seu caminho sem uma palavra firme de repúdio que defenda Portugal", apelou.
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