"A minha participação enquanto candidata é para aprofundar o legado do Bloco no executivo da Câmara Municipal de Lisboa", salienta Beatriz Gomes Dias em declarações à Lusa, defendendo que o partido teve uma "influência muito grande" na governação da cidade.
A bloquista considera fundamental dar continuidade ao "caminho de conquista e de melhoria das condições de vida para as pessoas que vivem em Lisboa", e criar "uma cidade que responda a todas as necessidades" dos cidadãos.
O BE assinou um acordo de governação do concelho com o PS após as autárquicas de 2017, tornando "possível alterar a forma como a política é feita" em Lisboa. O objetivo para as próximas eleições, que deverão ocorrer entre setembro e outubro, é reforçar o número de vereadores.
Beatriz Gomes Dias nasceu em Dakar, Senegal, em 26 de março de 1971, mas aos 4 anos mudou-se com os pais para Lisboa, cidade onde já foi deputada municipal e eleita nas juntas de freguesia de Anjos e de Arroios.
Licenciou-se em Biologia, na Universidade de Coimbra, e foi professora do ensino básico e secundário durante 25 anos.
Em 2019, foi eleita deputada à Assembleia da República pelo círculo de Lisboa do BE nas eleições legislativas, tendo trocado as salas de aula pelo parlamento. Filiou-se no BE em 2007, mas a participação política e ativista começou quando ainda era estudante.
Beatriz Gomes Dias participou na contestação à Prova Geral de Acesso (PGA) ao ensino superior, em 1989, e na contestação às propinas, entre 1990 e 1991, altura em que também se filiou no SOS Racismo. Em 2016, fundou a Djass Associação de Afrodescendentes por entender necessário "contribuir para a discussão que estava em curso sobre a necessidade de políticas públicas de combate ao racismo e à discriminação racial".
A candidata à Câmara, atualmente liderada por Fernando Medina (PS), quer "uma cidade que combata a discriminação étnico-racial, a discriminação de género, a discriminação de classes, a discriminação de capacidade", e diz que vai aliar a sua participação ativista "com um programa político de transformação da cidade".
Beatriz Gomes Dias acredita que a sua participação em debates e conferências sobre discriminação, racismo, igualdade, emprego e emergência climática são uma mais-valia para assumir esta candidatura: "Tenho participado no movimento social e estou muito sintonizada com as reivindicações da sociedade civil", reforça.
O programa eleitoral do BE tem cinco eixos fundamentais: combate à crise social e à crise económica, garantir habitação a preços acessíveis, responder à emergência climática, transportes e mobilidade, e cultura.
E todas estas políticas "devem ter como recorte o combate à discriminação, porque a discriminação também é um fator que cria desigualdade e mantém a desigualdade", sublinha.
A gratuitidade dos transportes públicos é uma das medidas que defende. Reconhece ser "complexa", referindo que pode começar por abranger as pessoas desempregadas.
Nos tempos livres, Beatriz Gomes Dias gosta de ler e ver documentários sobre política: "Principalmente documentários sobre o movimento social e as transformações que o movimento social tem conseguido trazer à nossa vida coletiva".
O Miradouro da Senhora do Monte e o Bairro da Graça são os seus locais de eleição na capital.
Em 2017, o BE conseguiu eleger um vereador - Ricardo Robles, que saiu do cargo em 2018 na sequência da polémica que envolveu a venda de um imóvel. Na Assembleia Municipal de Lisboa, o partido tem três deputados.
Este ano foram até agora anunciadas as candidaturas de Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança), João Ferreira (CDU), Bruno Horta Soares (IL), Nuno Graciano (Chega), Tiago Matos Gomes (Volt) e Manuela Gonzaga (PAN), além de Beatriz Gomes Dias.
O executivo tem oito eleitos pelo PS (incluindo dos Cidadãos por Lisboa e do Lisboa é muita gente), um do BE, quatro do CDS-PP, dois do PSD e dois da CDU.
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