"Acho que é daquelas coisas que mais abstrusas que se possa imaginar", afirmou, à margem de uma visita às Oficinas da CP em Guifões, em Matosinhos.
O empresário e presidente do Benfica Luís Filipe Vieira foi um dos quatro detidos na quarta-feira numa investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros, com prejuízos para o Estado e algumas sociedades.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão em causa factos suscetíveis de configurar "crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais".
Já na quarta-feira, quando interpelado sobre a proximidade declarada em várias ocasiões pelo empresário com o PCP, Jerónimo de Sousa rejeitou haver qualquer pertinência na questão e apontou até para apoios declarados de Vieira ao PS em outros momentos.
Hoje, salientando que participam na Festa do Avante milhares e milhares de pessoas, mais de metade sem ligações ao partido, o líder comunista lembrou que muitos outros dirigentes visitaram o certame, como foi o caso do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Eu podia apresentar um rol de dirigentes políticos, dirigentes de instituições, incluindo o presidente da República que visitou a festa. Com certeza ninguém pensaria que Marcelo Rebelo de Sousa foi para ali para convencer os comunistas a votarem nele, acho eu. Foi para ver a festa", disse.
Aquela festa, acrescentou, "tem essa característica: Quem vai por bem é bem recebido, seja quem for, mas daí fazer extrapolações políticas, valha-nos nossa senhora da Agrela".
Em declarações aos jornalistas, Jerónimo de Sousa voltou a defender o apuramento dos factos, reiterando a posição assumida na quarta-feira, quando confrontado com a detenção de Luís Filipe Vieira.
"Há que encetar o apuramento dos factos, há que criar um processo de investigação de apuramento da verdade e se esse apuramento da verdade, com a justiça a funcionar, naturalmente responsabilizando quem deve ser responsável", insistiu.
O dirigente escusou-se, contudo, a extrapolar sobre a morosidade dos processos e eventual falta de meios da justiça.
Em causa estão crimes cometidos em 2014.
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 45 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.
Sem os identificar, o DCIAP informou que foram detidos um dirigente desportivo, dois empresários e um agente do futebol.
O presidente do Benfica deverá ser ouvido hoje em primeiro interrogatório judicial na sequência da sua detenção, na quarta-feira, no âmbito de uma investigação a alegados crimes de burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento.
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