Luís Marques Mendes defende que a decisão de vacinar os jovens entre os 12 e os 15 anos, em geral, pertence apenas à Direção-geral de Saúde (DGS) e que esta deve ser tomada com base em critérios “médicos, técnicos e científicos”, não cedendo a pressões políticas.
Mesmo elogiando a decisão tomada no final de julho, de apenas vacinar os jovens com comorbidades, definindo-a como “corajosa e independente”, Luís Marques Mendes afirmou, no seu habitual espaço de comentário na SIC Notícias, que esta foi “mal explicada”.
“Foi uma decisão corajosa e independente, que não foi atrás do poder político. (...) Mas foi explicado, mal esclarecido e isso tem um efeito negativo. Dá a ideia às pessoas de que as vacinas nos jovens são perigosas, isso é um engano, é um erro”, disse o comentador, este domingo.
A decisão poderá ser alterada? “Acho que sim”, afirmou o conselheiro de Estado. “A DGS não vai poder aguentar durante muito tempo as pressões a que tem vindo a estar sujeita nesta matéria”, explicou, deixando um aviso. “Se e quando a DGS decidir alterar a sua posição, que o faça por razões de caráter médico, técnico e científico e não pela pressão política, porque isso é que seria matar completamente a credibilidade da nossa autoridade de Saúde”.
No entender de Marques Mendes, as autoridades sanitárias poderão seguir o exemplo da Alemanha, que tomou a mesma decisão que Portugal nesta matéria e que “está a estudar a revisão da sua posição”.
O social-democrata havia começado a sua intervenção por ressalvar que este tema criou uma divisão muito, tanto em Portugal como em outros países da União Europeia. Começou por relembrar, por exemplo, o caso da Ordem dos Médicos. “O bastonário é a favor, mas o responsável de pediatria da Ordem é contra”, disse.
Recorde-se que Miguel Guimarães, bastonário da Ordem dos Médicos, considerou, a 2 de agosto, que a decisão sobre a vacinação dos jovens cria desigualdades e contribui para entropia no processo de vacinação, apelando a uma "rápida revisão" desta norma. As sociedades de Pediatria e de Infecciologia Pediátrica consideram "prudente" obter toda a informação científica possível "antes da decisão final" sobre a vacinação de crianças saudáveis.
Leia Também: "Rangel é quem está em melhores condições para disputar liderança a Rio"