"Na luta ambiental não há políticas neutras. Em linha com as orientações do Fundo Monetário Internacional (FMI), os sucessivos governos têm vindo a apostar nos chamados instrumentos de mercado na área ambiental, na fragilização das estruturas do Estado na área do ambiente, desresponsabilizando o Estado na promoção do equilíbrio ambiental", disse Jerónimo de Sousa, durante uma ação de pré-campanha da CDU às eleições autárquicas, em Lisboa.
Durante um discurso exclusivamente dedicada à juventude e ao combate às alterações climáticas, o dirigente comunista acrescentou que a Constituição está a ser desrespeitada e, por isso, está aberto o "caminho para que os recurso naturais fiquem à mercê da gula do lucro".
Na opinião do secretário-geral do PCP, também "existe quem se aproveite do discurso catastrofista para que as massas e, particularmente, a juventude, aceitem a ideia de que os problemas ambientais se resolver exclusivamente com recurso à tecnologia, a mecanismos financeiros e especulativos, à taxação e à proibição de comportamentos individuais".
Por essa razão, e diante da plateia maioritariamente constituída por jovens, insurgiu-se contra a "transformação de um suposto discurso ambiental" em uma "arma para fomentar a aceitação do aumento da exploração das populações".
"Acreditar na ciência é exigir um processo sério, materialmente fundado e livre de amarras aos interesses do capital", completou.
Portugal "precisa de uma viragem na política ambiental", que vise a "democratização do acesso e usufruto da Natureza, combatendo a sua instrumentalização ideológica e política pelo grande capital".
Apoiado na Constituição, o membro do Comité Central do PCP criticou aqueles que "acordaram agora para a degradação do meio ambiente e clamam contras as alterações climáticas", quando os deputados constituintes, em 1976, já tinham "apontado o caminho da prevenção e controlo da poluição, do ordenamento do território, da criação de reservas e parques naturais e da conservação da natureza".
As eleições autárquicas estão agendadas para 26 de setembro. A Coligação Democrática Unitária (CDU), que integra o PCP, o PEV e a Associação Intervenção Democrática, vai concorrer a 305 dos 308 municípios em Portugal, apresentando-se com listas próprias a 1.630 freguesias.
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