Paulo Rangel assumiu a sua homossexualidade pela primeira vez publicamente, este sábado, em entrevista ao Alta Definição, na SIC. Para o eurodeputado, a sua orientação nunca foi um problema, nem tão-pouco um segredo, mas sempre privilegiou uma conduta mais discreta para proteger a família.
Numa conversa intimista com Daniel Oliveira, o social-democrata começou por expressar que, no que à "religião, sexo e casamento" diz respeito, "Deus não está assim tão interessado no que se passa no quarto de cada um. Não me parece que ele perca muito tempo com isso".
No que apelidou de "campanha negra", chegou a público mais recentemente "essa coisa da orientação sexual de Paulo Rangel. Sinceramente, não é problema nenhum. Foi uma coisa que nunca escondi, nem sei o que move as pessoas nisso. Sinceramente, o que acontece é que vivi sempre discretamente porque é a vida privada, não é nenhum segredo, mas também não é coisa para se pôr nos jornais ou nas televisões, é só isso".
Recorde-se que, recentemente, o jornal 'Tal&Qual' fez uma manchete sobre Rangel (onde escreveu 'Eles querem ver Rangel a sair do armário').
Sobre o tema, o político português vincou ainda a necessidade de "proteger as famílias e os amigos porque essas pessoas não têm de ser objeto de escrutínio, não escolheram isso. Esta conversa que estou a ter aqui não a teria tido em 2019 [ano em que a mãe morreu], mas apenas para proteger a minha mãe".
Confessando que a aceitação "não é um processo fácil", para Paulo Rangel a sua orientação sexual "nunca foi um problema. Sempre me dediquei muito a estudar Teologia e Deus gosta de nós como somos. A conciliação do cristianismo com essa condição não é um problema. É fácil de integrar".
O eurodeputado lamenta, porém, nunca ter falado abertamente com os pais sobre a homossexualidade. "A conversa com os pais nunca existiu e isso para mim é uma mágoa", disse.
Já sobre o vídeo em que surge embriago, Paulo Rangel não sabe, em concreto, quando foi captado, mas pela roupa que usava consegue situá-lo "há cinco/seis anos". O social-democrata não tem dúvidas, porém, que a divulgação destas imagens foi intencional: "O objetivo era o enfraquecimento político".
Porta aberta a eventual candidatura à liderança do PSD
O eurodeputado deixou inclusive a porta aberta a uma eventual candidatura à liderança do PSD após as eleições autárquicas. "Não tenho planos, mas sonhos sempre tive, não digo desta água não beberei um dia", afirmou
Sobre o facto de o seu nome ser apontado como futuro candidato à liderança do PSD, atualmente presidido por Rui Rio, Paulo Rangel respondeu recorrendo à expressão "não há festa nem festança em que não venha a dona constância" e acrescentou: "Estamos em plenas autárquicas é preciso o PSD concentrar-se".
Já sobre se um dos seus sonhos passa por ser primeiro-ministro, o social-democrata disse que não, embora não rejeite essa ideia.
Ressalvando que o "futuro o dirá", o social-democrata considerou que o que importa é a pessoa saber se em determinado momento está em condições de fazer serviço público, de se dedicar a 100% a ele e de fazer a diferença.
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